sábado, 29 de agosto de 2009

Um fio de vó...

Depois de pelo menos cinco anos de agonia, ela se foi. No fundo, todos sabiam que ela devia ir mesmo, afinal... ela já tinha acertado todas as suas contas! Já não conseguia bater palmas no aniversário do filho, caminhar... já não conseguia quase falar.

Ontem foi a missa de sétimo dia, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em pleno ato público do dia da visibilidade lésbica. O padre ficou irritado. Mas senti que a música e a animação das pessoas que se encontravam na frente da Igreja deu um ar menos fúnebre a um dia ainda triste. Porque, embora meu fio de vó não traga só boas lembranças... encontrar-se com a morte é algo sempre muito difícil.

A Igreja me chamou muita atenção. Ia dizer linda... mas prefiro dizer imponente! Tons dourados, anjos, imagens fortes. Enorme e, de certa forma, estranha.

Senti que eu tinha que estar ali pelo meu pai e porque vovó acreditava naquilo tudo. Estava ali por ele... por ela. Mas é impressionante como esse mundo não me pertence mais e como acho que isso me distancia muito mais do que me aproxima de Deus.

Ensaiei conversar com mainha sobre isso. Claro que ela ficou horrorizada.

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