quinta-feira, 26 de maio de 2011

Do deixar de amar

É triste ver o amor se despedir. Porque ele não se despede. Sai, sem avisar...Ele primeiro embaça o olhar. Você não consegue mais ver a pessoa amada. Depois ele confunde as vontades. Por último, ele apaga o fogo. Apaga e sai. Antes de fechar a porta, ele sai chutando todos os últimos sonhos que encontra pela frente. Como é triste ver o amor ir embora.

obs: feliz é a pessoa que deixa de ser amada no mesmo tempo em que deixa de amar.

sábado, 14 de maio de 2011

Desconhecimento?

Pensei em apagar uma postagem anterior, intitulada Desconhecimento, porque hoje ela já faz pouco sentido, mesmo tendo sido escrita há apenas uma semana atrás. É assim que percebo o quanto a minha vida está acelerada e o quanto estou sentindo de forma desgovernada.

Que ousadia a minha achar que conheço ou desconheço as pessoas. Ousadia maior ainda apostar no que está chegando e desconfiar do que tinha de mais certo. Mas as pessoas são assim! Elas escorregam, elas nos escapam... positivamente ou negativamente, elas escapam das nossas expectativas.

Eu tenho medo das pessoas e do mal que elas podem causar a quem dizem que amam. Mas também me fascino, diante do bem que um pequeno gesto pode propiciar. Eu quero voltar a acreditar nas pessoas e sinto que, para isso, preciso começar por mim: acreditar em mim.

Acreditar em mim e no bem que eu posso me fazer, em como posso me cuidar. Não me render as minhas dores, nem as minhas culpas. Ir atrás do que quero e do que vejo hoje que era o sentido da minha vida.

Sentido da vida! Qual seria o sentido da vida? A gente vive para quê? Está aí algo que vem me intrigando. Parece que eu vivia para ele. Claro que com base em tudo que penso sobre as pessoas, sobre o mundo e mantendo muita coerência diante disso. Mas eu vivia para ele sim. E como isso me dava prazer! Gostava de cuidar da casa, da comida, do dinheiro... de tudo. Gostava de ser para ele.

Só que foi exatamente isso que pesou. Pesou e me transformou em um peso, também na vida dele. Fico querendo sair dessa condição, a de peso. E ainda não consigo. Fico lembrando dos momentos que fui/fomos felizes e, ao invés de me sentir feliz, isso me gera angústia.

Na verdade, talvez seja só uma vontade desesperada de voltar a ser feliz, de aliviar a dor que sinto. Ou ainda um desespero maior de constatar que o amor pode não ser suficiente. Desespero!

Antonio (“o” terapeuta) me disse que eu tinha que encontrar o meu tempo e que precisava ser um tempo diferente do desespero. Disse ainda que eu precisava passar pela dor, sem evitá-la, sem minimizá-la. Precisava senti-la. Questionei ele : como se faz isso?

Antonio me fez ver que as pessoas entram na minha vida como bóias. Mas o que não é bóia na nossa vida? Tem dias que é o trabalho, outros dias é a família... a gente sempre procura algo em que se segurar. A dor é quando escolhemos bóias de pouca qualidade. Algumas que parecem bonitas, mas estão discretamente furadas. Antonio se viu obrigado a concordar comigo.

Eu era a bóia dele e ele a minha. E como a gente precisava um do outro e nessa condição! O fato é que há uns dois meses estou nadando, desesperadoramente, me segurando em outras bóias, e isso vem me dando a certeza que, mesmo diante da efemeridade de bóias desse tipo, não havia bóia melhor.

Mas sinto que ela se foi para longe. E isso é realmente angustiante. Eu deixei ela ir. E agora estou aqui, no desafio de viver sem bóias, ou, ao menos, procurar bóias mais resistentes.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Da distância.

Às vezes, é preciso estar longe para perceber a real dimensão das coisas. É da distância que vem a tranqüilidade. É na distância que se dá o exercício da racionalidade, de ver o que realmente é importante. Mas tem que haver uma janela para, mesmo de longe, você continuar acreditando que ainda é possível estar perto. Até porque o destino de toda distância precisa ser deixar de existir. É que a vida brota nas relações de proximidade, de intimidade, onde você se mistura com o outro. É em você, é no outro e é o outro.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Desconhecimento

É estranho você perceber que conviveu quatro anos com uma pessoa e que não a conhece. É muito estranho você vê-la fazendo coisas que você jamais imaginou. Na verdade, eu sempre o admirei por ser diferente e sentia o conforto de nunca passar por isso. Era por isso que o amava tanto. Amava o quanto ele se diferenciava dos outros. Vivi por quatro anos essa ilusão.

Hoje, questiono o que havia de amor nisso tudo. Acho que ele me apresentava cotidianamente uma farsa, enquanto eu confessava todas as minhas fragilidades e as encarava (e me culpava!).

Tenho que concordar que a melhor análise até agora foi a de Tiago, que disse que a gente se apaixonou antes de se conhecer. Se eu soubesse que ele era assim, talvez não tivesse me apaixonado.

O bom é que tudo isso faz com que hoje eu procure viver um novo “nós”. Começo a deixar ele entrar... Olho atenta para como ele se mostra para mim. A cada dia, descubro uma coisa nele... algumas que me seduzem e outras que deixam um tanto desconfiada. E vou seguindo devagar, desviando dos rótulos e curtindo cada pedacinho dessa nova história.

Dessa vez, o “ele” é mais familiar. Um homem lindo, que chegou mexendo na minha vida e nos meus sentimentos. Um homem que me identifico não só por características pontuais, como também pela forma de ver o mundo e de se ver no mundo. E como isso é importante! Um homem que tem sua vida, sua casa, seu trabalho, que dá conta de si; que não é músico, mas adora música (e ainda canta para mim!). Um homem que conversa comigo sobre o meu trabalho, sobre os temas que me interesso e sempre me surpreende com uma colocação que me faz pensar (essas são as melhores!).

Mas ele é também um homem livre demais. Poderia até dizer que é meio escorregadio... não me atende sempre que ligo, não pode me ver sempre que quero. É mais acelerado do que eu e, por conseguinte, parece ter menos tempo do que eu. Mas é também um homem leve. É um homem que me faz rir e que, ultimamente, vem me surpreendendo com um cuidado sutil e bonito. Sem falar na maturidade e na capacidade de escutar as piores notícias.

Hoje, pensei muito nele e o pensar me fez ver tudo isso que acabo de escrever, me fez ter vontade de viver e experimentar esse “nós”, porque é ele que me faz querer e ainda acreditar em um novo “nós”. Só que agora como um “nós” diferente, baseado no conhecer, no admirar, no desconfiar e na possibilidade de, da forma mais genuína, amar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Da racionalidade

Eu queria falar no que sinto agora. Mas é sempre tão difícil encontrar palavras para definir, porque os sentimentos vem sempre misturados. Como em um liquidificador, sacolejando tudo, fundindo tudo. É como se eu fosse me transformando em um todo estranho. E começar a me reconhecer assim faz com o que o inicialmente estranho seja a cada dia mais familiar.

A sensação que tenho é que estou me conhecendo, aprendendo a lidar comigo, ao entender os sentidos que algumas pessoas tem na minha vida. É um exercício doloroso e, ao mesmo tempo, confortante. E vem sendo realizado de uma forma tão serena, que chega me assusto.

Chega de torturas. Digo mais: acho que está mesmo chegando a hora de voltar a viver. Ou melhor, tentar recomeçar a vida, agora de uma outra forma. Dessa vez, estou voltando instigada!