domingo, 27 de setembro de 2009

Aprendendo com as aprendizagens

Desistir do louco desejo de mudar o outro, de querer que o outro se torne exatamente o que você espera, parece ser um bom caminho para uma vida mais tranqüila. Passei longos oito anos identificando defeitos e sugerindo alternativas, que para mim eram claríssimas. Passei longos oito anos me frustrando, pois, por mais que houvesse mudanças, elas jamais eram suficientes.

Hoje, percebo que olhei muito para o outro, fui muito rígida com o outro e até esqueci de olhar para mim. Entre tantas coisas, criticava e me ofendia com o ciúme exagerado; me sentia desrespeitada. Porém, jamais pensei no que poderia fazer para lhe dar mais segurança. Jamais reconheci aquilo como algo que tinha a ver comigo: era do outro, um problema do outro e, portanto, cabia ao outro resolver.

Precisei de alguns dos oito anos para me convencer de que não conseguiria a mudança esperada, para colocar o meu limite e dizer: assim eu não quero! Hoje, percebo também como tudo não passava de exigências de uma menina ainda imatura e um tanto autoritária. Hoje, esforço-me para não repetir o erro.

Casei com um homem muitíssimo diferente de mim e acredito que só é possível ser feliz com ele porque não permiti que essa “Edna-autoritária” entrasse na corrida para moldá-lo. Foi/é difícil aceitar algumas coisas e não dá para dizer que aceito tudo. Vem sendo extremamente importante colocar o meu limite e aprender a negociar diante dele.

O mais interessante disso tudo é que, ao aceitá-lo como é e ao me manter como sou, no que é importante para mim, tanto eu quanto ele mudamos! Pois é... mudamos sim!!! Mas ele muda não porque eu lhe peço. Muda porque percebe algo em mim que lhe parece interessante e resolve experimentar. Exatamente o mesmo aconteceu e acontece comigo.

Hoje, vejo o quanto o admiro. Ele é dono de uma honestidade e de uma sensibilidade que eu nunca vi igual. A sensibilidade vem acompanhada de uma enorme disposição para me acolher, nos meus maiores defeitos e também nas minhas qualidades. Ele é também uma companhia maravilhosa, tanto que eu trocaria qualquer programação pela possibilidade de estar ao seu lado. Ele é divertido, leve, simples. Não precisa de muito para se sentir bem e para fazer eu me sentir assim. E ainda é capaz de me dar um prazer que jamais eu esperava sentir.

Alguém poderia pensar: é perfeito! Não é! Às vezes, é até muito difícil. Precisamos conversar muito e não apenas engolir algumas coisas. Sinto que, se reivindicasse a sua mudança, poderia até ganhar algumas coisas (embora duvide disso), mas tenho receio do que poderia perder. Prefiro fazer o esforço de significar seus “descuidos” como descuidos e não como maldade. Até porque diante de tudo que vivemos não dá para pensar diferente.

Hoje sinto esse amor mais forte, mais concreto, mais tranqüilo... o vejo como uma pessoa melhor e, ao seu lado, também me sinto melhor. Um dia desses disse para ele que não o amava incondicionalmente. O amava pelo que significava e pelo quanto me fazia bem. E deixarei de amá-lo, quando não for mais assim. Esse parece que foi o mais importante aprendizado para nós dois. Saber que o amor não é incondicional é cotidianamente construir esse amor, construir esse “para sempre”. Um “para sempre” que, se continuar assim, vai realmente durar muito!

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