sábado, 14 de maio de 2011

Desconhecimento?

Pensei em apagar uma postagem anterior, intitulada Desconhecimento, porque hoje ela já faz pouco sentido, mesmo tendo sido escrita há apenas uma semana atrás. É assim que percebo o quanto a minha vida está acelerada e o quanto estou sentindo de forma desgovernada.

Que ousadia a minha achar que conheço ou desconheço as pessoas. Ousadia maior ainda apostar no que está chegando e desconfiar do que tinha de mais certo. Mas as pessoas são assim! Elas escorregam, elas nos escapam... positivamente ou negativamente, elas escapam das nossas expectativas.

Eu tenho medo das pessoas e do mal que elas podem causar a quem dizem que amam. Mas também me fascino, diante do bem que um pequeno gesto pode propiciar. Eu quero voltar a acreditar nas pessoas e sinto que, para isso, preciso começar por mim: acreditar em mim.

Acreditar em mim e no bem que eu posso me fazer, em como posso me cuidar. Não me render as minhas dores, nem as minhas culpas. Ir atrás do que quero e do que vejo hoje que era o sentido da minha vida.

Sentido da vida! Qual seria o sentido da vida? A gente vive para quê? Está aí algo que vem me intrigando. Parece que eu vivia para ele. Claro que com base em tudo que penso sobre as pessoas, sobre o mundo e mantendo muita coerência diante disso. Mas eu vivia para ele sim. E como isso me dava prazer! Gostava de cuidar da casa, da comida, do dinheiro... de tudo. Gostava de ser para ele.

Só que foi exatamente isso que pesou. Pesou e me transformou em um peso, também na vida dele. Fico querendo sair dessa condição, a de peso. E ainda não consigo. Fico lembrando dos momentos que fui/fomos felizes e, ao invés de me sentir feliz, isso me gera angústia.

Na verdade, talvez seja só uma vontade desesperada de voltar a ser feliz, de aliviar a dor que sinto. Ou ainda um desespero maior de constatar que o amor pode não ser suficiente. Desespero!

Antonio (“o” terapeuta) me disse que eu tinha que encontrar o meu tempo e que precisava ser um tempo diferente do desespero. Disse ainda que eu precisava passar pela dor, sem evitá-la, sem minimizá-la. Precisava senti-la. Questionei ele : como se faz isso?

Antonio me fez ver que as pessoas entram na minha vida como bóias. Mas o que não é bóia na nossa vida? Tem dias que é o trabalho, outros dias é a família... a gente sempre procura algo em que se segurar. A dor é quando escolhemos bóias de pouca qualidade. Algumas que parecem bonitas, mas estão discretamente furadas. Antonio se viu obrigado a concordar comigo.

Eu era a bóia dele e ele a minha. E como a gente precisava um do outro e nessa condição! O fato é que há uns dois meses estou nadando, desesperadoramente, me segurando em outras bóias, e isso vem me dando a certeza que, mesmo diante da efemeridade de bóias desse tipo, não havia bóia melhor.

Mas sinto que ela se foi para longe. E isso é realmente angustiante. Eu deixei ela ir. E agora estou aqui, no desafio de viver sem bóias, ou, ao menos, procurar bóias mais resistentes.

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