É estranho você perceber que conviveu quatro anos com uma pessoa e que não a conhece. É muito estranho você vê-la fazendo coisas que você jamais imaginou. Na verdade, eu sempre o admirei por ser diferente e sentia o conforto de nunca passar por isso. Era por isso que o amava tanto. Amava o quanto ele se diferenciava dos outros. Vivi por quatro anos essa ilusão.
Hoje, questiono o que havia de amor nisso tudo. Acho que ele me apresentava cotidianamente uma farsa, enquanto eu confessava todas as minhas fragilidades e as encarava (e me culpava!).
Tenho que concordar que a melhor análise até agora foi a de Tiago, que disse que a gente se apaixonou antes de se conhecer. Se eu soubesse que ele era assim, talvez não tivesse me apaixonado.
O bom é que tudo isso faz com que hoje eu procure viver um novo “nós”. Começo a deixar ele entrar... Olho atenta para como ele se mostra para mim. A cada dia, descubro uma coisa nele... algumas que me seduzem e outras que deixam um tanto desconfiada. E vou seguindo devagar, desviando dos rótulos e curtindo cada pedacinho dessa nova história.
Dessa vez, o “ele” é mais familiar. Um homem lindo, que chegou mexendo na minha vida e nos meus sentimentos. Um homem que me identifico não só por características pontuais, como também pela forma de ver o mundo e de se ver no mundo. E como isso é importante! Um homem que tem sua vida, sua casa, seu trabalho, que dá conta de si; que não é músico, mas adora música (e ainda canta para mim!). Um homem que conversa comigo sobre o meu trabalho, sobre os temas que me interesso e sempre me surpreende com uma colocação que me faz pensar (essas são as melhores!).
Mas ele é também um homem livre demais. Poderia até dizer que é meio escorregadio... não me atende sempre que ligo, não pode me ver sempre que quero. É mais acelerado do que eu e, por conseguinte, parece ter menos tempo do que eu. Mas é também um homem leve. É um homem que me faz rir e que, ultimamente, vem me surpreendendo com um cuidado sutil e bonito. Sem falar na maturidade e na capacidade de escutar as piores notícias.
Hoje, pensei muito nele e o pensar me fez ver tudo isso que acabo de escrever, me fez ter vontade de viver e experimentar esse “nós”, porque é ele que me faz querer e ainda acreditar em um novo “nós”. Só que agora como um “nós” diferente, baseado no conhecer, no admirar, no desconfiar e na possibilidade de, da forma mais genuína, amar.
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