segunda-feira, 4 de julho de 2011

Junho

Junho passou. Foi embora e deixou agulha e linha: “costura aí! Agora é contigo!”. O dia 15 passou leve ou, pelo menos, com mais boas lembranças do que ruins. A sensação era que não havia mesmo pelo que se arrepender. Vivemos. Vivemos bem e, quando passamos a viver mal, resolvemos continuar a viver bem, só que não mais juntos.

O dia 18 foi esquisito. Tive atividade do PT. Dela, fugi para praia, sozinha. Olhei o mar, pensei na minha vida. Deu uma tristeza, mas veio também uma certeza de que ela ia passar. Entrei no mar, com uma certeza que a minha vida estava mudando, as águas estavam correndo, como as águas daquele mar.

O dia 20 foi o mais difícil. A lembrança dos últimos dias 20 foi muito forte e a exata certeza que no ano passado já não éramos casal doeu em mim. A gente já tinha se despedido. Construí uma festa surpresa, para os 30 anos dele. Tentei fazer tudo que ele gostava e sei do quanto se divertiu. Mas não nos divertimos juntos. Não temos sequer uma foto juntos. Ele já tinha desinvestido e eu lembro bem do quanto senti isso, do quanto fiquei triste, ao final daquele dia.

Nem imaginava que o dia 20 seria o mais difícil. Bateu tristeza, desespero e desejo inconsequente de uma volta... uma volta desesperada, mesmo sabendo que não havia mais para onde voltar. Ainda bem que a volta não se concretizou e que o desespero não durou mais do que dois dias.

O mês foi embora com um show de Chico César. Ele foi bonzinho comigo e não cantou nem metade das músicas “proibidas”. Apesar da animação ser a mesma, ele mostrou que o show, as músicas, as companhias... tudo pode mudar. Tudo está mudando.

Episódios desagradáveis, ameaças e grosserias fecharam o mês de junho dos infernos. Ficou a certeza que o potencial de construção que temos é tão grande quanto o potencial de destruição. Nos destruímos e, além disso, destruímos um sentimento muito bonito. E com isso não me conformo. Tento, mas não me conformo.

Eu queria mesmo que as pessoas pudessem simplesmente sair da vida do outro, sem tentar apagar toda a história. Porque tem coisa que não apaga. Quando você tenta fazer isso, acaba manchando. Você perde a imagem e fica a mancha, o borrado. Mas não dá. As pessoas não conseguem fazer isso. Nem eu consigo.

Não quero mais. Agora, depois de tudo que escutei, nem que eu queira não vou. Há um quê de dignidade em mim que diz: se distancie. Dele e de todo mundo que deliberadamente resolve lhe fazer mal.

Fica uma tristeza, que só é amenizada pela certeza de que o mês terminou e que com ele uma página realmente foi virada. Foi sim. Julho já chegou e chegou diferente dos dois últimos anos. Estava lembrando... em 2009 vivi o acidente de Lucas e todas as implicações dele. Em 2010, perdi Chele e vivi todo sofrimento decorrente disso, ao lado de Liu. Mas agora, em 2011, o mês de julho começou com vida.

Nasceu Ana Ester, filha de Agna, minha sobrinha de coração. Ontem fui vê-la e tive que esconder de Liu a emoção de pegá-la no braço e, mais uma vez, me sentir parte daquela família. Só que, agora, celebrando a vida. Ana Ester tocou em mim, na ânsia de viver, no desejo de maternidade... conversei com ela por alguns minutos e tive a certeza de que tudo vai ficar bem. Senti uma paz e uma tranquilidade que há tempos não sentia. Parecia que ela estava cuidando de mim, segurando o meu coração. E, depois da conversa (e dos choros!) ao pé do berço, eu segurei ela nos meus braços, me apresentei como sua tia e retribui a tranquilidade que ela me deu.

Que julho seja assim, cheio de vida. Que as barreira e amarras sejam definitivamente destruídas. Que a vida pulse dentro de mim. Que eu consiga olhar para frente e, sobretudo, para o lado. É... tem mesmo muita vida perto e dentro de mim.

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