Eu quero que o sentimento de agora tenha sustentabilidade dentro de mim. Que a tranquilidade sentida neste momento não só dure como também garanta um novo olhar e um novo ritmo para a minha vida.
Depois de quatro dias com amigos, reflexões e planejamentos, fui para o aeroporto, para voltar para casa. Fui de táxi, com o vidro aberto. Vento na cara, cabelos assanhados e sorriso no rosto, refletem bem o que senti e ainda sinto. Eu quero e começo a respirar, a ter vontade de viver. Não quero mais o que me faz mal; o que sei que me faz mal e me impede de crescer. Não admito mais minhas próprias idealizações, que fazem com que eu me frustre a cada momento, quando descubro que as pessoas não são o que sempre achei que fossem.
Eu quero simplesmente viver, sem abdicar de pensar. Pensar sim! Exaustivamente, como venho fazendo. E vá para longe de mim quem acha que não pensar é a melhor alternativa. Eu estou encontrando as minhas respostas e isso só é possível porque ousei pensar e, de certa forma, suportei a dor implicada nisso. Suportei a dor e hoje é o dia do gozo na tranquilidade.
Entendo onde estou, o que está acontecendo comigo e sei mais ainda para onde quero ir. Não é para trás. É para frente. Olhar para trás me deixa saudosa e me faz mergulhar em um encantamento que me cega; que me cegou por tantos anos. Digo logo que não me culpo por isso, porque até cegar é uma experiência importante para valorizar o que há de bom em ver, em enxergar.
Estou determinada e extremamente comprometida com o meu projeto de ser. De ser e de viver o que tantas amarras me impediram. Não responsabilizo ninguém por essas amarras. Eu as construí e, hoje, entendo como eu precisei delas. Mas não as quero mais. Não preciso mais delas.
Foram 04 intensos dias, que começaram no frio, com um abraço quente e terminaram no vento, com previsões e com um sorriso no rosto. A vontade agora, como o vento, é me espalhar, correr, gritar e estar perto das pessoas que me fazem bem. Diante de tantas culpas, a sensação agora é de orgulho do que consegui ser e construir, do quanto respeitei meus princípios, do quanto cuidei do que chamo de amor. Diante dos erros, me orgulho de honestamente ter tentado, de ter investido e sinto que cresci. Tenho orgulho de não ter parado, mesmo quando me vi sozinha e com dificuldades de caminhar. Aí lembro da minha família, da minha mãe e do quanto ela me inspira a ser forte e reagir diante da vida. Ela soube estar do meu lado na medida certa, sem me carregar no colo, mas deixando claro que eu não estou sozinha. Essa lembrança me faz, além de ter orgulho do que sou, ter orgulho de onde vim.
É! No final de todo esse sofrimento (porque sinto que ele está acabando), sem nenhuma modéstia, quero dizer que me sinto uma pessoa bem melhor: mais forte, porque conheço melhor as minhas fragilidades; mais segura do que quero para mim, para minha vida; menos só, porque soube ficar perto e valorizar os amigos que sempre soube que tinha e os que descobri deliciosamente que tenho. Sem falar que ainda me vejo mais bonita, porque mais uma vantagem disso tudo foi emagrecer.
Entendi agora o que um dia li sobre o sofrimento. Li que a dor do sofrimento era a dor da transformação. Eu me transformei ou, na pior das hipóteses, estou me transformando. E a evidência maior disso talvez seja começar a me sentir inteira, na vida, no trabalho, nas relações. Eu estou inteira. Sinto como se estivesse na largada, pronta para iniciar a corrida.
Devagar? Devagar não. Não venham me dizer que tenho que ir mais devagar, porque eu já aceitei o meu ritmo mais rápido. E vou até onde não me fizer mal, fazendo pit stop em sombras gostosas e seguras. Eu sigo e sigo rápido, porque assim sou e porque sei que para várias coisas na vida (na minha e na de outras pessoas) essa velocidade é muito importante.
Certamente, terei parceiros na corrida ou, pelo menos, nos descansos. P-A-R-C-E-R-I-A! Só aceito se assim for. Quero dividir o dia, a vida, os sonhos, os planos. Volto a ter sede de gente, de me deslumbrar com as histórias e me permitir descobertas.
É! Quatro dias podem mudar a vida de uma pessoa? A sensação é essa: mudança! Sinto-me deliciosamente estranha e tomada por uma assustadora vontade de viver.
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