domingo, 24 de outubro de 2010

Labirinto

Hoje, acordei e me vi no centro de um labirinto. Olhei para um lado, olhei para o outro e vi diferentes caminhos, uns mais escuros e outros menos. Dei cinco passos na direção de um e retornei. Corri na direção de outro e voltei ofegante, com medo de não mais achar o ponto de partida. Ponto de partida? Isso é realmente importante? Mas para ele voltei. Fiquei na ponta dos pés para me certificar que havia luz no terceiro caminho. Eu sou pequena e, mesmo na ponta dos pés, não consegui ver. Resolvi ir por um quarto caminho e, para minha surpresa, vi uma pessoa conhecida de costas. Era ela, minha amiga de todas as horas. Corri porque sabia que com ela estaria segura. Ela sempre sabia onde ir. Não havia ninguém que se localizasse melhor no tempo e no espaço. Quando estava chegando perto, gritei o seu nome. Ela escutou e, ao olhar para mim, vi uma cor estranha nos seus olhos, uns bichos saindo do seu nariz e um líquido verde escorrendo da sua boca. Naquele momento, o mais importante já não era acertar o caminho, pois percebi que ela precisava de ajuda. Porém, quando cheguei mais perto e vi que ela estava tomada por uma fúria e não era mais a minha amiga querida. Ela abaixou a cabeça e exigiu que eu me afastasse. Voltei para então seguir por outro caminho; um caminho no qual eu não a encontraria mais. Estava eu de novo no centro do labirinto, sozinha. Meu coração parecia uma escola de samba, na agitação e não na alegria. Um batuque, uma angústia, que se transformou em terror. Não restavam mais caminhos. Parei, fechei os olhos e tentei respirar, fazer a escola de samba se tornar uma bossa nova. Percebi que o chão que eu estava sentada tinha se tornado amarelo e sorri. Era um amarelo bonito, daqueles que só por assim alegra a gente. Foi aí que vi que não havia onde ir. Vi que era a hora de ali sentar, escutar o coração e contemplar os diferentes caminhos. Ali e sentei e, até agora, aqui estou.

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