Crescer é querer fazer as coisas certas. É se preocupar com as consequências do que fazemos. É reconhecer que um pequeno arranhão pode não sarar nunca e que até o que incomoda apenas um pouco, quando é incessante, transforma-se em muito.
Crescer é introjetar a ética e cumprir certas normas, mesmo se não tiver alguém o observando. É a auto-vigilância foucaultiana, sem os efeitos desesperadores do controle, mas com a tranqulidade da garantia de uma suposta essência. Essência? Sim! Essa essência pode até ser efêmera, mas é... se é!
O mais intrigante é que crescer parece ser também aprender a curar os próprios pequenos arranhões, entendendo que quem os provocou, muitas vezes, não tem habilidade para cuidar disso. É limpar o arranhão na medida certa, porque até limpar demais pode machucar. É que tem coisas que não podem ser muito mexidas mesmo.
Crescer é também entender que o outro pode ter um tempo diferente do seu e, assim, tolerar, aprender e crescer com ele. Mas é também saber que tudo tem limite, que você tem o seu limite e que, em certos momentos, não há como ceder.
Dói. Dói demais. Não é à toa que tantos escolhem o não-crescer e outros tantos crescem, mas, uma vez por outra, encontram-se em suas infantilidades. Quase como uma oxigenação, uma re-oxigenação. Parece que é preciso perder a linha, ser inconsequente... contraditório? Sim! Parece mesmo que para crescer é preciso revisitar o não-crescer... e sempre escolher que caminho seguir. Ao menos quando essa escolha é possível.
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