Daquele pai que vê a filha chegando, toda contente, dizendo que tirou10 naquela prova de matemática, e só diz: era pra ser 12!
Daquela pessoa amada que, após escutar tudo que você falou, com todo cuidado e dificuldade do mundo (porque tem assuntos que são difíceis mesmo) e, simplesmente, responde com o seu silêncio.
Daquela velha amiga que percebe, durante uma reunião, que a sua voz está embargada, que você não está legal, e diz: vai chorar é?
Daquela pessoa que, ao ver que você seguiu por um caminho diferente do que ela tinha indicado e se deu muito mal, bate as mãozinhas na mesa e diz: eu não disse?!
Daquela amiga que a vê nervosa, procurando algo que você não podia ter esquecido, e diz duas vezes seguidas (como se fosse resolver o problema): era de sua responsabilidade! Era de sua responsabilidade!
Daquele professor que você tanto admira e tanto se esforça para dar o seu melhor e ele não se dá o trabalho de tecer um elogio sequer, mesmo quando nitidamente aquele trabalho que você finalmente conseguiu fazer é digno de elogio.
Daquelas pessoas que insistem em trazer um velho assunto, que todo mundo sabe o quanto te faz mal.
Daquele que nunca pergunta como você está, mas, aceleradamente, conta-lhe o quanto sua vida está uma beleza.
Daquela que jamais consegue pedir desculpas e, por conseguinte, nem imagina o bem que essa palavra simples poderia fazer.
Daquela que se julga tão melhor que todo mundo, que jamais reconhece que o erro também pode ser seu.
Daqueles que não conseguem perceber que um distanciamento muitas vezes não é descaso. É também dificuldade.
Daquele que vê você se lascando todinha de trabalhar e, simplesmente, dorme.
Daquele que não entende que pode ser importante para você e despreza essa importância, convencendo-a também que você, definitivamente, não é importante.
Daqueles a-lunos que, ao invés de contribuir para a aula ser legal, continuam nas suas bolhas, falando mal do mundo, sem se sentirem parte dele.
Paro por aqui, mesmo com a certeza que poderia escrever mais tantas linhas e com a promessa de que um dia vou aprender a conviver com tanta falta de sensibilidade.
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