terça-feira, 22 de dezembro de 2009

2009

Nem eu agüento mais me escutar xingando o ano de 2009 e torcer para que ele se encerre logo. Hoje, senti remorso por isso. De fato, não posso dizer que 2009 foi um ano ruim.

Profissionalmente, foi o ano de colocar a mão na massa. Me apropriei melhor dos lugares que já estava e me lancei em novos desafios. Doeu bastante... mas, para mim, que sempre disse que “aprender dói”, essa dor já devia ser esperada. É bom encontrar cotidianamente sentidos no meu trabalho... me reconhecer como um tijolinho na construção de uma sociedade diferente, mais fraterna, menos desigual. Foi uma delícia trabalhar com jovens! Sempre disse que era melhor falar sobre juventude-adolescências do que lidar com eles. Hoje digo que pode até ser mais fácil, mas não melhor, não mais prazeroso. Cutucar, tocar e sentir o quanto isso provoca transformações é realmente entusiasmante! Estar à frente de uma equipe também foi um enorme desafio, que envolveu jogo de cintura, muito estudo e muita reflexão. Como aprendi!

Amorosamente, também vivi um ano desafiador. Fora o acidente, o dedo quebrado... sinto que foi o ano de nos reconhecermos. A descoberta da vida a dois, por dois... foi muito difícil para nós. Nos estranhamos, nos desentendemos feio. Chegamos mesmo a pensar em desistir. Só que tudo que vivemos fez também com que nos deparássemos com a grandiosidade e a dimensão do nosso amor. Um amor que surge do encontro de tantas diferenças; que se consolida no colo que somos sempre um para outro; no assunto que nunca acaba e, por mais distante que seja, nunca é chato. A curiosidade e admiração que temos um pelo outro fica não só como saldo do ano, mas como combustível para continuarmos caminhando juntos.

Senti foi uma falta danada das minhas amigas de sempre. Foi um ano de me sentir longe de Cintia-e-turla e isso doeu bastante. Principalmente porque o desejo de querer estar perto em nenhum momento deixou de existir. Mas, efetivamente, não consegui (ou não conseguimos) administrar o tempo, exageradamente corrido. Também me senti longe, querendo estar perto, de Dudu e Fafa. Deu saudade de tudo que vivemos e daquilo que não conseguimos viver, diante desse meu jeito desajeitado de ser (ou não ser) amiga. Por outro lado, continuei me sentindo perto de Nara. Incrível como nossa cumplicidade está até nisso. Como ela vive a mesma “dificuldade” que eu, criamos uma forma tão sincera de nos aceitar assim que não há tempo ruim e acabamos conseguindo nos fazer presentes nos momentos mais importantes. Descobri Larissa. Pois é! A ex do meu marido deixou de ser ex e passou a ser simplesmente minha amiga. A aproximação foi inevitável, até porque ela era, entre as amigas, a pessoa que eu mais via. E, no decorrer desse ano, esse “ver” se tornou também uma necessidade. Uma sintonia tremenda, que vai desde uma mensagem que envio,quando ela não está bem até um encontro repentino, quando eu estou aos prantos. É massa (e muito bonito!) perceber a relação que conseguimos construir e ter a certeza que ela está para além das obrigações de boa convivência. Tive boas surpresas... algumas alunas/os passaram a ser companheiros/as e amigos/as. E outras pessoas, contingencialmente distantes, fizeram-se presentes em momentos bem importantes. Minha conversa com Gabis, pelo Google Talk que o diga. Encontrei em meus sogros também grandes amigos. Mais do que o carinho entre pessoas da mesma família, encontrei colo, conforto e a certeza de não estar sozinha. Encontrei amizade onde já havia desistido. Como é bom olhar para Mari e, depois de tantos desentendimentos, me ver usufruindo prazerosamente da sua companhia, da nossa parceria no trabalho.

Foi um ano também de sentir falta da minha família, dos meus irmãos... falta de viver na mesma casa, de brigar só por conviver muito. Tivemos bem menos momentos juntos no ano do que eu gostaria, mas foram todos muito bons. É indescritível a sensação de querer ser como o meu irmão, admirá-lo tanto que chego a me emocionar, diante do homem que ele se tornou. Já minha irmã ainda me preocupa. É muito parecida com minha mãe. Me preocupo com elas e como as coisas são (ou se tornam) difíceis para elas. O amor é tão imenso que fico torcendo para que as coisas se tornem mais fáceis e tentando me fazer presente, mesmo com as distâncias impostas. Já com meu pai, sinto que foi o ano de só olhar para o lado bom. Experimentar um afeto que andava meio adormecido e tentar dividir (apenas um pouco) de vida com ele.

Intenso! 2009 foi mesmo intenso! Talvez por isso me sinta tão pesada. Parece que foram cinco anos em um. E isso realmente não é o que desejo para 2010. Mas que bom também que foi um ano de muito crescimento.

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