segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Capítulo 3: azul.

Estava tudo coloridamente azul... Flora via, escutava e respirava em azul. Uma tranqüilidade que não condizia com o turbilhão de sentimentos que vivenciava. Submerso na tranqüilidade daquele azul, estava um coração (ou dois) exageradamente pulsante, em ritmo de encontro. Um encontro de pés, no azul do toque. Um toque entre pés, sentido nos lábios, como um beijo. E o corpo se fez lábios. E o momento se fez beijo. Em um azul tão bonito quanto inexplicável. Flora sentia-se como há alguns anos atrás. Flora voltava a simplesmente sentir a si. A sensação era de encaixe, tão preciso que chegava a ter algo de assustador. Continente. Plenitude. Sensação só interrompida pelo toque do despertador. Hora de acordar. Flora olha para o lado e se vê na mesma cama, sufocada pelo mesmo calor de um dia de verão, esmagada nas suas possibilidades restritas de ser. Tentou fechar os olhos e voltar a se encontrar com o azul. Não mais conseguiu.

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