De repente, um “lenço” recai sobre o seu pé, mas parece que foi uma pesada pedra. Você grita ou, como no meu caso, você tenta respirar e falta ar... dói, como uma mão enorme esmagando o seu coração. E logo, diante da dor, vem um sentimento pequeno: se ele, descuidado, deixou essa pedra cair, deixarei cair uma ainda maior em seu pé. Aí você parte para o ataque! Só que, quando joga a pedra no pé dele, a pedra, de tão grande que é, também bate no seu pé. Mas o problema não é só o tamanho da pedra.
É aí que você percebe que os seus pés andam juntos, muito juntos, e, com todas as dificuldades, na maioria das vezes, andam no mesmo ritmo. Talvez por isso seja tão difícil reconhecer a falta de ritmo.
Apenas dois segundos se passaram. Ainda bem que foram só dois segundos... diante das horas vivenciadas antes e das que ainda serão depois. É aí que você deixa de olhar para o pé e olha nos olhos, escuta a voz e lembra que, se o “lenço” doeu tanto, foi porque ele é muito importante. E, no mundo em que vivemos, não dá para desistir das pessoas importantes. Elas são raras. Tão raras quanto os sentimentos importantes. Talvez esses sejam ainda mais raros!
É aí que vocês resolvem voltar a caminhar juntos e a procurar aquele mesmo ritmo. Com a certeza que irá encontrar. Afinal, o que é ritmo, quando há amor?
O pior (ou melhor) é que você se surpreende, ao descobrir que a queda daquele “lenço” não foi proposital. Ao dar uma chance e escutá-lo, ele explica que tava cansado, porque manter o ritmo com você não é a tarefa mais simples. Acabou tropeçando e, só por isso, o pesado “lenço” caiu. Ele se desculpa.
Antes de desculpá-lo, você olha para você e reconhece que, realmente, manter o ritmo com você não é uma tarefa fácil. Até porque, às vezes, nem você mesma consegue acompanhar você. Você volta a olhar para os olhos dele e, dessa vez, você pede desculpas. Desculpas por correr tanto que deixou de se preocupar com o ritmo dele. Não há como pensar em dois, se um pensa mais em um.
Você fala baixinho, com dificuldade, porque pedir desculpas não é uma coisa fácil! Principalmente, se esse pedido vem acompanhado do compromisso de fazer diferente. Ele simplesmente aceita seu pedido e segura na sua mão.
Vocês seguem no caminho de vocês, ensaiando um novo ritmo. Ritmo! Porque é certo que já não basta só o amor. E, buscando o mesmo ritmo, o amor se re-encontra com o respeito, com aquela imensa admiração, que faz você vê-lo (e ele vê-la também!) para além dos erros... vem também os sonhos compartilhados. Você olha para si e, com a mão dele em sua barriga, você descobre que vocês não são mais dois. São três... se não (ainda) concretamente, no desejo e, mais uma vez, nos sonhos. Porque é ele (apenas ele) que foi escolhido. Não em uma questão de múltipla escolha. Ele foi escolhido, quando aqueles sininhos tocaram no seu coração.
Com isso, você tem a certeza que nada mudou. Ou muda sempre, na medida em que mudam-se as cores. Cria-se um novo e belo colorido. A dor some na respiração seguinte a que veio.
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