sábado, 30 de abril de 2011

Musiquinha de sábado

Nem curto tanto a bandinha, mas... a música apareceu sem querer e gostei de escutar.

Leve com você (Natiruts)

Só o que foi bom
Ódio e rancor
Não dão em nada
Nada

Ouço aquele som
Lembro de você
Como acabou
Mas não tem nada não
Só guardo o que foi bom
No meu coração
O amor é como o sol
Sabe como renascer

Sinto o calor
De mais um verão
Tudo ganhar cor
E de nada vai valer
Lamentar a dor
Nós temos que
Seguir em frente
A vida não parou
Vai ser difícil esquecer
Tudo o que passou
Mas são as quedas
que ensinam a cultivar o nosso amor

Pensar no nosso futuro
Pensar no nosso futuro
Ser feliz

http://www.youtube.com/watch?v=n1knUeRijuA&feature=player_embedded

terça-feira, 26 de abril de 2011

Sem contagem

Nem progressiva, nem regressiva. Dessa vez, é sem contagem, sem desespero e sem grandes sofrimentos. Eu vim, com a dificuldade de sempre, mas vim. Arrumei a mala de madrugada, para viajar de madrugada. E, perto da hora de sair de casa, escutei a chuva na janela do quarto, parecendo aplausos. Aquela chuva que sempre vem me dizer que tudo ficará bem.

Fui com Clarice, nos momentos que consegui ficar acordada, e ela, como sempre, disse coisas bem importantes. Com os pés no Rio de Janeiro, mais uma vez, chuva. De toda forma, o Rio me parece mais bonito.

A casa que vou ficar também. Sem a vista inspiradora da janela, sem móveis, sem decoração. O vazio da casa me remeteu ao meu vazio. Fiquei comigo um tempo, ardeu. Respirei e passou. É assim, passa! E a casa vazia me diz que ela pode ser o que quisermos que seja.

Estou bem e sei que logo logo ficarei melhor. Hoje, consigo ver as coisas de uma forma diferente; idealizo menos as pessoas, tantos as que passaram quanto as que estão chegando. E, em função disso, acabo me cobrando menos também.

Vontade de viver mais devagar, vivendo uma coisa de cada vez. Eu e eu. Eu, comigo.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Da apropriação da cama.

Faltava-me coragem. Mas, depois de duas noites encolhida no meu lado da cama, resolvi romper com a barreira que fazia do outro lado o dele. Misturei os travesseiros, para não identificar mais qual era o de quem, desarrumei o lençol de cobrir e me espalhei na cama. Acho até que dormi na diagonal! Mas eu dormi, por um pouco mais de 08 horas (o que é muito raro). Acredito que só acordei porque (claro!) mainha ligou. E acordei bem, agradecendo a quem me dá tranquilidade... e com bem mais de vontade de viver. E, digo mais... a partir de hoje, a cama é TODA minha!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Taças de cristal?

Eu esperava que ele lembrasse das fotos do nosso casamento. Dissesse que queria levar uma cópia do DVD, só para guardar de lembrança. Mas não. Ver o homem menos materialista e mais sensível que conhecia me questionar sobre o que tínhamos de valor foi só mais uma dor, entre tantas. Ver a frieza, a ironia, nem se fala. Mas, talvez, sejam dores importantes de serem sentidas. Talvez, finalmente, eu o tire desse lugar tão idealizado e entenda que até ele, nos momentos de dor, faz coisas que não faria antes. Mas é triste.

domingo, 17 de abril de 2011

Comprometida.

Acabei de ler Comprometida: uma história de amor. Com o fim do livro veio também o fim do meu casamento. Os porquês estão claros, tanto para mim quanto para ele. Mas a minha forma de me cobrar e de me responsabilizar por quase tudo faz sempre da dor uma dor maior.

Porque acabar um casamento, mais do que se distanciar de alguém que você ama, como de tudo que tem ao redor disso, é também não corresponder a uma dada expectativa sócio-cultural. Há quem diga que isso é bobagem. Não acho. E digo logo que não falo de uma cultura como algo externo às pessoas. Falo da cultura como produtora de subjetividades.

Ontem mesmo estava lembrando Foucault e as discussões que ele traz em Vigiar e Punir sobre a transição de uma sociedade disciplinar para uma sociedade de controle. Foucault diz que na soceidade de controle (a que vivemos!) não é mais necessário prédio, normas. A norma já foi incorporada de tal forma que não precisa você dizer o outro o que fazer; ele faz. O controle é mais sutil, porém mais disperso e nisso se fortalece.

Até dentro do meu posicionamento político feminista, tão estruturante para mim, tão marcador do meu olhar para todas as coisas, coube (e vem cabendo!) uma frustração e sofrimento diante de não ter conseguido cumprir esse designo social. Como se não bastasse, se misturam a essas coisas sentimentos confusos, contraditórios, que, em alguns momentos, dimensionam as coisas de uma forma, em outros momentos de uma forma quase que oposta.

Muito difícil! A sensação é de estar no olho do furacão. Porque uma coisa era falar em separação. Outra coisa, é sentir isso na pele. Encontrar no homem que você achava que conhecia uma outra pessoa, de sentimentos e formas estranhas de lidar com esses sentimentos. A sensação é de estranhamento.

Um estranhamento que se mistura com revolta mesmo. Mas sempre há alguém para dizer o óbvio e lhe apresentar outras possibilidades de ser e sentir no mundo. Resta não parar de caminhar. E ainda bem que amanhã é segunda-feira! Caminha, Dona Edna! Caminha!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Dia 10

Pronto! Missão cumprida. Talvez, não dá melhor forma, diante de tantas turbulências, mas cumprida sim.

Hoje, a aula foi sobre trabalho e gênero, com a discussão de um texto de Jussara Brito. Muito bom! Saí ainda mais convencida que esse é mesmo os óculos, a partir dos quais vejo o mundo. Não tem jeito. Lembrei do texto A classe operária tem dois sexos, de Hirata, e me deliciei nas tantas discussões que surgiram em sala.

Na minha sala são oito mulheres e um homem. Todos bem mais velhos do que eu. As mulheres são, além de muito legais, em sua maior parte, o estereótipo de “mulherzinha”. Claro que minhas opiniões seriam polêmicas. Certa hora, fiz um comentário e professora riu, dizendo: “ai que saudade da minha juventude!”. Né, lasca? Perdeu 10 pontos comigo. Mas o debate foi bom.

Só que foi só sair da sala que voltaram os meus tormentos. Ninguém nunca vai imaginar o que foi, para mim, viver esses dias aqui, neste momento da minha vida. Me senti violentada, numa aprendizagem forçada... como se a vida tivesse dizendo: “agora cresça”. Não cresci. Pelo contrário, tive consciência da minha pequeninisse e vi mesmo o quanto preciso de um certo punhado de pessoas ao meu redor. Se reconhecer o quanto precisa de outros é crescer, sim... cresci!

Volto querendo encontrar cada uma dessas pessoas, para dizer para cada um o quanto é importante para mim. E agora, ao escrever aqui, sinto uma tranqüilidade... quase como um suspiro, um “ufa”. Estou voltando para casa e agora está muito claro que a minha casa é onde estão as pessoas que amo. É onde me sinto segura e protegida. Como, hoje, dou mais valor a essa casa. Ela não é física, não tem móveis. É só afeto.

Vou agora comer um sushi com Mário e Lucas, torcendo que o tempo passe e que eu chegue em casa.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Dia 09: do desespero de voltar.

Falta só um dia de aula. Só mais uma noite nesta cama. Ao invés de estar feliz, mais tranqüila, estou é mais ansiosa. É, realmente, desesperador! Hoje, tive dificuldade de prestar atenção na aula, depois de uma noite quase não dormida. A vontade é voltar agora. Fechar os olhos e abrir lá (mesmo que eu não saiba bem onde é esse “lá”).

Tinha pensado em dar uma volta, ir no Saara, ou pelo menos na Totem. Mas me falta disposição para tudo. Só penso em voltar. Até escrever aqui está difícil.

É que a dor da separação, apesar de ter sido vivida em doses homeopáticas, ainda dói. É! Por mais que estejamos certos do caminho que cada um deve seguir, dói. Estou me sentindo triste, pequena, feia... sinto que errei nas estratégias. Sinto que fracassei.

Hoje, não consigo ver nem os horizontes, que sei que são bonitos. A sensação é de desânimo mesmo. Não dá vontade de viver mais nada, porque, se no final vem toda essa dor, talvez, não compense.

Falei com minha mãe e ela percebeu que eu não estava bem. Pela primeira vez, passou a mão na minha cabeça. Disse que, se achasse melhor voltar, voltasse antes. Ainda olhei alguns vôos, mas decidi ficar.

Ficar porque o investimento seria alto demais. Ficar porque ainda há coisas a serem feitas por aqui. Ficar porque, racionalizando, mudar a volta de sábado para sexta não vai mudar muita coisa. Ficar porque, no fundo, sei o que é o melhor para mim.

Aí... para deixar tudo mais claro, termino a noite com bons exemplos de cuidado e falta de cuidado. Exemplos que só reafirmam que eu tenho que ficar e sinalizam para onde eu devo ir, quando voltar.

Dias 07 e 08: do desejo de voltar.

Não há novidades, do ponto de vista dos estudos. A disciplina continua maravilhosa. Suely é o tipo de professora que quero ser. Dá uma dialogada, com muito bom humor e conteúdo. Não nos cansa e sempre acrescenta uma referência, que não está posta, em seus exemplos.

Mas começo a ficar impaciente para voltar e isso torna os dias mais longos e difíceis. Mas voltar para onde? As últimas conversas me asseguram que talvez não haja mais lar, não haja mais o antigo porto seguro, o antigo “melhor lugar do mundo”. Sinto as mudanças dentro de mim, que vem cheias de desejo de mudança, mas cheias de medo também.

No final, me dá vontade de mãe e de irmã. Deu vontade de escutar a minha mãe, resmungando a cada lágrima minha, me dizendo que a vida é assim, que é preciso ser forte e, dessa forma, não me deixando cair. Deu vontade de abraçar minha irmã, da forma como ela deixou eu abraçá-la, quando não estava bem. E fazer ela ficar dormindo na cama do meu lado, como fazíamos antes, pelo menos por uns dias.

Nesses dias, Narinha ligou e, no mesmo dia, falei com Xanda no Messenger. A preocupação delas de dizer que amigos não vai me faltar, que estão comigo... é de emocionar. Receber a notícias que Liu também vai estar em Recife, na Semana Santa também é outro conforto. Confortos necessários para tempos difíceis.

Difíceis sim, mesmo diante da certeza que isso é o melhor a ser feito. Sinto que vou ganhar algumas coisas, mas que estou perdendo outras tantas e ainda não consigo ver como vou estar no mundo depois dessas tempestades.

Eu me peço calma. Lembro de uma voz, imaginária e rouca, que no olho do furacão me dizia “tranqüilidade”. É o que estou buscando, sem esquecer de respirar e cuidando de mim. Mas quero mesmo é voltar e ainda tenho dois longos dias pela frente.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Dia 06: instigação!

Hoje, entendi exatamente porque estou aqui, porque escolhi a Fiocruz e, em especial o Instituto Fernandes Figueira. Começou a disciplina Saúde e Sociedade, ministrada por Suely Deslandes. E eu não tenho palavras para descrever nem a bibliografia proposta e nem a postura de Suely como professora.

Cheguei tão instigada que acabei concretizando a meta secreta de ontem: correr pelas ruas do Rio. É certo que o tempo de corrida foi bem menor do que o de caminhada, mas o fato é que rompi com a minha inércia.

Pronto! Agora é correr e ler, ler... quem sabe assim a semana passa voando e eu sinto menos saudade?!

domingo, 10 de abril de 2011

Amanhã!

Da dureza dos finais para a leveza dos começos. Da sutileza dos começos para a aridez dos finais. É melhor pensar que estou no meio. Amanhã começa a segunda semana de aula e angústia que sinto hoje é bem menor da que sentia no último domingo.

Sobre as aulas, sei que será bom. Sobre a semana, o desejo é que ela passe rápido. Não vejo a hora de estar de volta em Recife. Há muito o que fazer e eu começo a ter pressa.

Sobre mim, hoje foi um dia tranqüilo, de pensar pouco e descansar muito.

Hora de dormir para ver seu consigo cumprir minha meta secreta de amanhã. Se eu conseguir, amanhã mesmo divulgo. Mas, como ela é muito pretensiosa, não posso divulgar para não dar azar. Que seja uma noite bem dormida e que venha amanhã!

Sobre casamento

“O casamento tem a energia de um bonsai: uma árvore num vaso, com raízes cortadas e galhos podados. Veja bem, o bonsai pode viver séculos, e a sua beleza etérea é resultado dessa restrição, mas ninguém jamais confundiria o bonsai com a trepadeira que cresce em liberdade” (Elizabeth Gilbert, em Comprometida, p. 190).

A vontade é fechar o livro e abrir uma cerveja.

sábado, 9 de abril de 2011

(...)



Deixo logo claro que a contagem é referente aos dias de aula. Serão 10 dias no total e estou exatamente na metade.

Hoje, não teve aula. Teve só o Rio de Janeiro, bons amigos e o bem que essas coisas me fazem. Poucas palavras aqui. Muitas palavras entre nós, intercaladas pelo silêncio, necessário para contemplar e sentir algumas paisagens.

À noite, casa de Mario e Lucas. Pizza, brigadeiro e mais um monte de boas energias. Tinha um show daqueles, mas hoje escolhi ficar aqui, comigo.

Dia 05: sobre as certezas.

Hoje foi um dia de certezas.
Acordei, certa.
Continuei, certa.
Tem dias que só confirmam o que nós queremos.

Recebi uma ligação, diretamente do almoço coletivo do IASC. Disseram que o almoço foi “natureba” e, por isso, lembraram de mim. Expliquei para Dani, que não há registro de vegetariano que morreu de câncer. Tentei convencê-la que, pelo menos, não comer carne vermelha e frango era um caminho. Mas não acho que surtiu efeito. Fiquei certa de que não preciso mais comer carne mesmo. E tenho que pensar sobre os frutos do mar.

Recebemos os trabalhos da disciplina que cursei nesta semana. Na verdade, dois dos três que realizamos. Foram dois “A”. Veio a certeza que, independente das tempestades, eu to aqui, fazendo a minha parte. Soube dos horários de duas das três disciplinas que precisarei cursar no segundo semestre. Primeira e segunda semana de agosto. Condensadas! Fiquei certa de que vou poder ficar em Recife e que vai dar para cursar.

Recebi uma ligação da minha irmã, outra da minha mãe. Fiz uma ligação para Lariquinha outra para Nelma (que está ótima!). Falei com a Pipoquinha e, quando perguntei o que ela queria de presente do Rio, ela disse: o que você quiser trazer. Fiquei certa de que, mesmo diante de tantas ausências minhas, tem pessoas importantes que ainda estão comigo. Fiquei certa de que não estou e nem estarei sozinha.

Para fechar o dia, cerveja com amigos, na Lapa. Sady, Marcela, Mário e muitas lembranças do tempo em que não havia temor e nem responsabilidade diferente da de construção de uma sociedade menos desigual. É bom compartilhar afeto e história. Foi um abraço forte, que durou a noite toda e deu a certeza de que cada tijolinho que colocamos nesta construção foi importante. Deu certeza também de que a construção continua e que a gente, de alguma forma, ainda está junto nisso.

Sim, como se não bastasse, hoje, escutei o meu coração e ele também me disse, nitidamente, o que eu precisava e que caminho eu deveria seguir. Fiquei certa de que os caminhos podem até ser dolorosos, mas os horizontes são bem bonitos.

Tantas certezas! E o melhor é sentir a leveza de poder duvidar disso tudo amanhã, já já... Mas, hoje, eu estou certa!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Dia 04


Parece aquele mergulho no mar de águas cristalinas, quando sobe a areia e fica tudo meio turvo. Você espera um pouco e logo consegue ver o seu pé. É só esperar a areia assentar.

Agora, a sensação é de que as coisas estão se acalmando, dentro de mim e ao meu redor. A cada dia, tenho uma nova idéia e vivo um novo sentimento. E é gostoso perceber o quanto posso simplesmente sentir. Sentir sem pressa. Venho sentindo tudo e muito intensamente.

Senti prazer novamente em andar nas ruas e ver as pessoas daqui. Começo a achar o ambiente mais familiar e já não tenho medo de me perder. Hoje, até parei na frente do IFF e tirei uma foto da paisagem que contemplo todos os dias. Parece que está tudo em bossa nova, passando charmosamente na minha frente.

Recebi a primeira tarefa corrigida e tive a primeira conversa sobre produção de artigo com Romeu. Deu um frio na barriga, com medo de não dar conta de tantas coisas. Mas deu também muita vontade de fazer. Preciso também, efetivamente, assumir o compromisso de construir a tranqüilidade que precisarei ter daqui por diante, para dar conta de todas essas coisas.

Cheguei em casa, ainda com a luz do dia. Estou gostando disso! Tão diferente do que acontece, quando estou em Recife. Fiz algumas ligações para saber como foi o dia do pessoal que lá está. A segurança de saber que faço parte de uma equipe que está a postos, dando o maior duro e fazendo tudo com primazia é boa. Mas hoje deu uma vontade de estar lá, dividindo os pesos, que são enormes.

Saudade! Até do meu trabalho que é tão difícil.

Sentimentos bons e vontade de me sentir feliz!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Dia 03 - porque escrever aqui é uma forma de eu me sentir menos sozinha...

Um pingo de sol, alguns sorrisos e um olhar diferente, a partir do qual tudo vira poesia. Um carioca, com um mp3, escutando funk nas alturas, aqueles táxis amarelinhos (Alá Manoel Carlos), aquela negritude meio dourada das cariocas da periferia, a pressa (muita pressa!), as flores em cada esquina... tudo hoje pareceu um pouco mais bonito.

Foi um dia de boas notícias. Fui contemplada com a bolsa de doutorado e isso quer dizer que conseguirei pagar as passagens, sem comprometer tanto meu orçamento. Essa era uma grande preocupação. Bendita CAPES que agora permite que os bolsistas possam ter vínculo empregatício. Bendito curso que é beneficiado por tantas bolsas!!!

Já as aulas foram mais pesadas. Tudo bem que meu orientador é um querido, mas escutá-lo de manhã e de tarde, quase que sem parar, já é demais. Escutar coisas que já tinha estudado também tornou a tarde bem mais monótona. E, quando assim está, parece que se abrem as portas para a saudade,par a vontade de Recife e de tudo que deixei por lá.

Fechei os olhos e quis aquele abraço imaginário, que vem acompanhado, mesmo com o coração apertado, de uma voz que me diz que o mais importante é que eu esteja bem. Veio aquela vontade de ser simplesmente ser envolvida por esse abraço... Fiquei pensando na vida e imaginando o que ela podia me oferecer, se eu conseguisse ter coragem. Coragem! Muita coisa misturada e sintetizada pela vontade de voltar a viver e ser feliz na vida.

Mas não há tempo para tantos pensamentos. Mais dois artigos, com a tarefa de comparação dos mesmos. Para amanhã! Pressão!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Dias 01 e 02

Dois dias de correria das boas. Das boas sim! Eu estava mesmo com saudade de ter que estudar, de discutir coisas, fora da minha lógica utilitária de “o que tenho que ler para fazer isso”.

Estou cursando uma disciplina eletiva para o doutorado e obrigatória para o mestrado, que se chama Pesquisa Qualitativa. Tem uns cinco alunos do doutorado e uns 15 de mestrado. Médicos, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas... interessante tantas misturas e, mais ainda, o caldo que isso dá.

O Instituto Fernandes Figueira (IFF) hoje é considerado um Instituto Nacional da Saúde da mulher, da criança e do adolescente e parece bem conceituado na FIOCRUZ. O prédio não é muito bonito. Nele, funciona uma hospital/maternidade. Você entra e sempre tem mães, esperando na recepção. Detalhe: ainda não vi nenhum pai (xiiiiii... lá vem a chatice feminista!). Se o prédio não tem nada demais, a paisagem da frente tem muito. O IFF é na praia do Flamengo, uma paisagem de cartão postal.

Ontem, pedi para o táxi me deixar um pouco depois do IFF. Queria poder caminha e olhar a paisagem, pelo menos um pouco. Foi só um pouco, mas deu para sentir uma energia boa e com a cabeça, por alguns segundos, tranqüila, deu também para abrir um sorriso – o primeiro desde que cheguei aqui. Sorri lembrando do quanto foi suado chegar aqui, mas sorri por estar aqui. Lembrei de coisas boas, de pessoas importantes e continuei rindo, até entrar no prédio.

Foi um dia de aulas, começando pele ex-ministro da saúde e terminando pelo meu orientador, que por sinal é um querido. Voltei para casa cheia de coisas para ler, mas o turbilhão de coisas que estão acontecendo na minha vida não permitiu que eu fizesse com a qualidade que esperava. Dormi triste, com um pouco de culpa, mas acordei decidida a correr atrás do tempo perdido. E corri!

Não só corri como decidi que não vou deixar que nada estrague esses dias aqui. Esperei dois anos! Esperei que Gabi crescesse para que Lucas pudesse vim comigo. Achei que tinha que pensar mais no “nós” porque o doutorado e o apoio a ele surgiria como uma necessidade da nossa relação. Esperei dolorosamente, vendo pessoas passarem na frente, vendo espaço que podiam ser meus sendo preenchidos. Esperei, mas agora não vou mais esperar.

Lucas não veio comigo. O doutorado não reflete mais um nós. Estou aqui sozinha e a “presença” dele até agora não foi de apoio. Sou eu, comigo e as energias de um punhado de pessoas que disseram “vá... é importante”. Mas vou ficar bem. Eu sei que vou.

Hoje, cheguei em casa mais cedo, com o coração mais protegido contra turbulências. Comprei pão, requeijão Danúbio, queijo minas, morango e uva sem caroço! Subi minha ladeira da misericórdia diária (o prédio que estou é no alto de uma rua), tomei um banho e estou aqui.

Quis escrever, porque um dia quero poder ler isso tudo. Mas tenho que correr: um trabalho para terminar e três artigos para ler.

domingo, 3 de abril de 2011

Dia 00


Hoje foi dia de sentir o coração acelerado e frio na barriga. Vontade de chorar e de desistir. Acho até que, se alguém tivesse me apoiado nesta idéia, teria feito. Teria ficado. Mas vim! Vim porque preciso ser minimamente fiel aos meus sonhos. Vim porque aqui estão flores que eu plantei com muito suor. Acho que vim também porque lembrei o quanto este lugar me faz bem e vim atrás do bem que ele me faz.

Vi o mundo de cima e, mais uma vez, tive vontade de pegar as nuvens. Tentei não deixar nenhum pensamento estacionar na cabeça e me angustiar. Fui pensando em várias coisas, visitando muitas angústias, alegrias e momentos de plenitudes. Quis abrir o computador e escrever sobre isso, na hora. Mas tive medo de transformar aquilo tudo em planos ou regras. Dessa vez, preferi sentir.

Cheguei no Rio e comigo a chuva. Era preciso mesmo que algo acontecesse para eu ter a certeza que fiz o certo e que tudo ia ficar bem. Ao invés de buscar colos, nos tantos amigos, resolvi descansar, deitar e procurar acalmar o meu corpo e o meu coração. Um coração apertado, confuso, cheio de saudades de tantas coisas vividas e de tantas outras que ainda estão aí... para viver. Para vivermos. E aqui estou, depois de umas horinhas de cochilo, no “meu quarto”, escrevendo, olhando pela janela, tentando introjetar e escutar os sons do silêncio e tentando encontrar a tranqüilidade deste silêncio dentro de mim (Essa foto foi tirada da minha janela... um refúgio da natureza na zona sul, em Humaitá).

Amanhã é o dia 01. Aula inaugural com ministro da saúde pela manhã e primeiro dia da disciplina Pesquisa Qualitativa, ministrada pelo meu orientador, à tarde. Vai ser um dia importante.