Acabei de ler Comprometida: uma história de amor. Com o fim do livro veio também o fim do meu casamento. Os porquês estão claros, tanto para mim quanto para ele. Mas a minha forma de me cobrar e de me responsabilizar por quase tudo faz sempre da dor uma dor maior.
Porque acabar um casamento, mais do que se distanciar de alguém que você ama, como de tudo que tem ao redor disso, é também não corresponder a uma dada expectativa sócio-cultural. Há quem diga que isso é bobagem. Não acho. E digo logo que não falo de uma cultura como algo externo às pessoas. Falo da cultura como produtora de subjetividades.
Ontem mesmo estava lembrando Foucault e as discussões que ele traz em Vigiar e Punir sobre a transição de uma sociedade disciplinar para uma sociedade de controle. Foucault diz que na soceidade de controle (a que vivemos!) não é mais necessário prédio, normas. A norma já foi incorporada de tal forma que não precisa você dizer o outro o que fazer; ele faz. O controle é mais sutil, porém mais disperso e nisso se fortalece.
Até dentro do meu posicionamento político feminista, tão estruturante para mim, tão marcador do meu olhar para todas as coisas, coube (e vem cabendo!) uma frustração e sofrimento diante de não ter conseguido cumprir esse designo social. Como se não bastasse, se misturam a essas coisas sentimentos confusos, contraditórios, que, em alguns momentos, dimensionam as coisas de uma forma, em outros momentos de uma forma quase que oposta.
Muito difícil! A sensação é de estar no olho do furacão. Porque uma coisa era falar em separação. Outra coisa, é sentir isso na pele. Encontrar no homem que você achava que conhecia uma outra pessoa, de sentimentos e formas estranhas de lidar com esses sentimentos. A sensação é de estranhamento.
Um estranhamento que se mistura com revolta mesmo. Mas sempre há alguém para dizer o óbvio e lhe apresentar outras possibilidades de ser e sentir no mundo. Resta não parar de caminhar. E ainda bem que amanhã é segunda-feira! Caminha, Dona Edna! Caminha!
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