no gerúndio da mudança, que começa em mim, passa pelos outros, termina e recomeça em mim...
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
sábado, 13 de agosto de 2011
Sobre ela e o coração.
Não havia porque se queixar da vida. Afinal, tinha memória e jamais esqueceria o quanto foi feliz. Ela amou sim, em uma intensidade que nem nos mais bonitos sonhos de infância pôde imaginar. Amou e se sentiu amada. Nunca esquecerá daquela manhã de domingo, do quanto e de como batia o seu coração. Batia tanto que parecia que ia sair correndo e saltitando de tanta alegria. Tudo convergiu e fez daquele dia o dia mais especial que pôde viver. E, por mais que questione o que houve de verdade em tudo, o que ela sentiu foi verdadeiro. Até voltou acreditar em Deus e teve a sensação de ser escolhida. Por ele e por Ele. Escolhida para amar e, simplesmente, ser feliz. É certo que o amor foi proporcional a dor que a acometeu quando “a manhã que nasceu com gosto de pra sempre” se fez noite, quando o “sol amarelin” se fez chuva. Ele trocou de roupa e jogou a roupa antiga na lata do lixo. Ele: o amor. E, diante disso, o coração que pulsava, depois da dor, foi tomado por uma anestesia que nunca neste mundo se viu igual. Coma induzido, daqueles que nada se sente, nada se vê. A moça não desistiu e continuou conversando com ele. Ele: o coração. Dizem que, mesmo quando se está em coma, é possível escutar e sentir as coisas. Foram noites em claro. Tinha dias que parecia que ele a escutava, se mexia um pouco e ameaçava voltar a bater de uma forma mais acelerada. Mas foram só espasmos. Era o início da morte e ela sabia que ele tinha que morrer. Ela: a moça. O coração, finalmente, parou de bater, em uma tarde de quarta-feira, e a moça, já cansada da luta diante do coma e ainda anestesiada, dessa vez, não chorou. Pegou-o carinhosamente e guardou em uma caixa, onde já havia outras coisas bem importantes: uma lágrima da sua mãe, um sorriso de uma amiga, um antigo amor, a dor de um desconhecido e uma aliança com o mundo. Agora, entre as coisas importantes, havia também um coração. Morto, porém, ainda assim, era um coração. E quanto tempo duraria essa morte? A moça não sabia ao certo. Mas, naquele momento, com o coração morto e a cabeça tranquila, deitou-se e, finalmente, conseguiu descansar.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
...
Eu entro no prédio já olhando se o carro está na garagem. Se não está, respiro aliviada. Ninguém em casa, além de mim, meus pensamentos e Lulu.
Como posso ter perdido tudo em tão pouco tempo? Onde está a minha casa, a minha vida e o meu confortante silêncio?
Hoje, sonhei que estava em casa, cozinhando para mim e para ele, há alguns meses atrás. Cozinhei, comemos e deitamos no sofá. Corremos para cama para fazer umas das coisas que melhor fazíamos juntos. Depois, ele saiu e eu fiquei para estudar. Estudei, dormi e acordei apenas com o seu pezinho, já tarde da noite.
Quando acordei, no sonho, ainda estava dormindo. Que pena ter acordado... que pena ter interrompido a tranquilidade que já não sinto há tanto tempo.
Queria de volta? Talvez, ele não... mas a tranquilidade, com certeza!
Como posso ter perdido tudo em tão pouco tempo? Onde está a minha casa, a minha vida e o meu confortante silêncio?
Hoje, sonhei que estava em casa, cozinhando para mim e para ele, há alguns meses atrás. Cozinhei, comemos e deitamos no sofá. Corremos para cama para fazer umas das coisas que melhor fazíamos juntos. Depois, ele saiu e eu fiquei para estudar. Estudei, dormi e acordei apenas com o seu pezinho, já tarde da noite.
Quando acordei, no sonho, ainda estava dormindo. Que pena ter acordado... que pena ter interrompido a tranquilidade que já não sinto há tanto tempo.
Queria de volta? Talvez, ele não... mas a tranquilidade, com certeza!
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Junho
Junho passou. Foi embora e deixou agulha e linha: “costura aí! Agora é contigo!”. O dia 15 passou leve ou, pelo menos, com mais boas lembranças do que ruins. A sensação era que não havia mesmo pelo que se arrepender. Vivemos. Vivemos bem e, quando passamos a viver mal, resolvemos continuar a viver bem, só que não mais juntos.
O dia 18 foi esquisito. Tive atividade do PT. Dela, fugi para praia, sozinha. Olhei o mar, pensei na minha vida. Deu uma tristeza, mas veio também uma certeza de que ela ia passar. Entrei no mar, com uma certeza que a minha vida estava mudando, as águas estavam correndo, como as águas daquele mar.
O dia 20 foi o mais difícil. A lembrança dos últimos dias 20 foi muito forte e a exata certeza que no ano passado já não éramos casal doeu em mim. A gente já tinha se despedido. Construí uma festa surpresa, para os 30 anos dele. Tentei fazer tudo que ele gostava e sei do quanto se divertiu. Mas não nos divertimos juntos. Não temos sequer uma foto juntos. Ele já tinha desinvestido e eu lembro bem do quanto senti isso, do quanto fiquei triste, ao final daquele dia.
Nem imaginava que o dia 20 seria o mais difícil. Bateu tristeza, desespero e desejo inconsequente de uma volta... uma volta desesperada, mesmo sabendo que não havia mais para onde voltar. Ainda bem que a volta não se concretizou e que o desespero não durou mais do que dois dias.
O mês foi embora com um show de Chico César. Ele foi bonzinho comigo e não cantou nem metade das músicas “proibidas”. Apesar da animação ser a mesma, ele mostrou que o show, as músicas, as companhias... tudo pode mudar. Tudo está mudando.
Episódios desagradáveis, ameaças e grosserias fecharam o mês de junho dos infernos. Ficou a certeza que o potencial de construção que temos é tão grande quanto o potencial de destruição. Nos destruímos e, além disso, destruímos um sentimento muito bonito. E com isso não me conformo. Tento, mas não me conformo.
Eu queria mesmo que as pessoas pudessem simplesmente sair da vida do outro, sem tentar apagar toda a história. Porque tem coisa que não apaga. Quando você tenta fazer isso, acaba manchando. Você perde a imagem e fica a mancha, o borrado. Mas não dá. As pessoas não conseguem fazer isso. Nem eu consigo.
Não quero mais. Agora, depois de tudo que escutei, nem que eu queira não vou. Há um quê de dignidade em mim que diz: se distancie. Dele e de todo mundo que deliberadamente resolve lhe fazer mal.
Fica uma tristeza, que só é amenizada pela certeza de que o mês terminou e que com ele uma página realmente foi virada. Foi sim. Julho já chegou e chegou diferente dos dois últimos anos. Estava lembrando... em 2009 vivi o acidente de Lucas e todas as implicações dele. Em 2010, perdi Chele e vivi todo sofrimento decorrente disso, ao lado de Liu. Mas agora, em 2011, o mês de julho começou com vida.
Nasceu Ana Ester, filha de Agna, minha sobrinha de coração. Ontem fui vê-la e tive que esconder de Liu a emoção de pegá-la no braço e, mais uma vez, me sentir parte daquela família. Só que, agora, celebrando a vida. Ana Ester tocou em mim, na ânsia de viver, no desejo de maternidade... conversei com ela por alguns minutos e tive a certeza de que tudo vai ficar bem. Senti uma paz e uma tranquilidade que há tempos não sentia. Parecia que ela estava cuidando de mim, segurando o meu coração. E, depois da conversa (e dos choros!) ao pé do berço, eu segurei ela nos meus braços, me apresentei como sua tia e retribui a tranquilidade que ela me deu.
Que julho seja assim, cheio de vida. Que as barreira e amarras sejam definitivamente destruídas. Que a vida pulse dentro de mim. Que eu consiga olhar para frente e, sobretudo, para o lado. É... tem mesmo muita vida perto e dentro de mim.
O dia 18 foi esquisito. Tive atividade do PT. Dela, fugi para praia, sozinha. Olhei o mar, pensei na minha vida. Deu uma tristeza, mas veio também uma certeza de que ela ia passar. Entrei no mar, com uma certeza que a minha vida estava mudando, as águas estavam correndo, como as águas daquele mar.
O dia 20 foi o mais difícil. A lembrança dos últimos dias 20 foi muito forte e a exata certeza que no ano passado já não éramos casal doeu em mim. A gente já tinha se despedido. Construí uma festa surpresa, para os 30 anos dele. Tentei fazer tudo que ele gostava e sei do quanto se divertiu. Mas não nos divertimos juntos. Não temos sequer uma foto juntos. Ele já tinha desinvestido e eu lembro bem do quanto senti isso, do quanto fiquei triste, ao final daquele dia.
Nem imaginava que o dia 20 seria o mais difícil. Bateu tristeza, desespero e desejo inconsequente de uma volta... uma volta desesperada, mesmo sabendo que não havia mais para onde voltar. Ainda bem que a volta não se concretizou e que o desespero não durou mais do que dois dias.
O mês foi embora com um show de Chico César. Ele foi bonzinho comigo e não cantou nem metade das músicas “proibidas”. Apesar da animação ser a mesma, ele mostrou que o show, as músicas, as companhias... tudo pode mudar. Tudo está mudando.
Episódios desagradáveis, ameaças e grosserias fecharam o mês de junho dos infernos. Ficou a certeza que o potencial de construção que temos é tão grande quanto o potencial de destruição. Nos destruímos e, além disso, destruímos um sentimento muito bonito. E com isso não me conformo. Tento, mas não me conformo.
Eu queria mesmo que as pessoas pudessem simplesmente sair da vida do outro, sem tentar apagar toda a história. Porque tem coisa que não apaga. Quando você tenta fazer isso, acaba manchando. Você perde a imagem e fica a mancha, o borrado. Mas não dá. As pessoas não conseguem fazer isso. Nem eu consigo.
Não quero mais. Agora, depois de tudo que escutei, nem que eu queira não vou. Há um quê de dignidade em mim que diz: se distancie. Dele e de todo mundo que deliberadamente resolve lhe fazer mal.
Fica uma tristeza, que só é amenizada pela certeza de que o mês terminou e que com ele uma página realmente foi virada. Foi sim. Julho já chegou e chegou diferente dos dois últimos anos. Estava lembrando... em 2009 vivi o acidente de Lucas e todas as implicações dele. Em 2010, perdi Chele e vivi todo sofrimento decorrente disso, ao lado de Liu. Mas agora, em 2011, o mês de julho começou com vida.
Nasceu Ana Ester, filha de Agna, minha sobrinha de coração. Ontem fui vê-la e tive que esconder de Liu a emoção de pegá-la no braço e, mais uma vez, me sentir parte daquela família. Só que, agora, celebrando a vida. Ana Ester tocou em mim, na ânsia de viver, no desejo de maternidade... conversei com ela por alguns minutos e tive a certeza de que tudo vai ficar bem. Senti uma paz e uma tranquilidade que há tempos não sentia. Parecia que ela estava cuidando de mim, segurando o meu coração. E, depois da conversa (e dos choros!) ao pé do berço, eu segurei ela nos meus braços, me apresentei como sua tia e retribui a tranquilidade que ela me deu.
Que julho seja assim, cheio de vida. Que as barreira e amarras sejam definitivamente destruídas. Que a vida pulse dentro de mim. Que eu consiga olhar para frente e, sobretudo, para o lado. É... tem mesmo muita vida perto e dentro de mim.
terça-feira, 7 de junho de 2011
04 dias
Eu quero que o sentimento de agora tenha sustentabilidade dentro de mim. Que a tranquilidade sentida neste momento não só dure como também garanta um novo olhar e um novo ritmo para a minha vida.
Depois de quatro dias com amigos, reflexões e planejamentos, fui para o aeroporto, para voltar para casa. Fui de táxi, com o vidro aberto. Vento na cara, cabelos assanhados e sorriso no rosto, refletem bem o que senti e ainda sinto. Eu quero e começo a respirar, a ter vontade de viver. Não quero mais o que me faz mal; o que sei que me faz mal e me impede de crescer. Não admito mais minhas próprias idealizações, que fazem com que eu me frustre a cada momento, quando descubro que as pessoas não são o que sempre achei que fossem.
Eu quero simplesmente viver, sem abdicar de pensar. Pensar sim! Exaustivamente, como venho fazendo. E vá para longe de mim quem acha que não pensar é a melhor alternativa. Eu estou encontrando as minhas respostas e isso só é possível porque ousei pensar e, de certa forma, suportei a dor implicada nisso. Suportei a dor e hoje é o dia do gozo na tranquilidade.
Entendo onde estou, o que está acontecendo comigo e sei mais ainda para onde quero ir. Não é para trás. É para frente. Olhar para trás me deixa saudosa e me faz mergulhar em um encantamento que me cega; que me cegou por tantos anos. Digo logo que não me culpo por isso, porque até cegar é uma experiência importante para valorizar o que há de bom em ver, em enxergar.
Estou determinada e extremamente comprometida com o meu projeto de ser. De ser e de viver o que tantas amarras me impediram. Não responsabilizo ninguém por essas amarras. Eu as construí e, hoje, entendo como eu precisei delas. Mas não as quero mais. Não preciso mais delas.
Foram 04 intensos dias, que começaram no frio, com um abraço quente e terminaram no vento, com previsões e com um sorriso no rosto. A vontade agora, como o vento, é me espalhar, correr, gritar e estar perto das pessoas que me fazem bem. Diante de tantas culpas, a sensação agora é de orgulho do que consegui ser e construir, do quanto respeitei meus princípios, do quanto cuidei do que chamo de amor. Diante dos erros, me orgulho de honestamente ter tentado, de ter investido e sinto que cresci. Tenho orgulho de não ter parado, mesmo quando me vi sozinha e com dificuldades de caminhar. Aí lembro da minha família, da minha mãe e do quanto ela me inspira a ser forte e reagir diante da vida. Ela soube estar do meu lado na medida certa, sem me carregar no colo, mas deixando claro que eu não estou sozinha. Essa lembrança me faz, além de ter orgulho do que sou, ter orgulho de onde vim.
É! No final de todo esse sofrimento (porque sinto que ele está acabando), sem nenhuma modéstia, quero dizer que me sinto uma pessoa bem melhor: mais forte, porque conheço melhor as minhas fragilidades; mais segura do que quero para mim, para minha vida; menos só, porque soube ficar perto e valorizar os amigos que sempre soube que tinha e os que descobri deliciosamente que tenho. Sem falar que ainda me vejo mais bonita, porque mais uma vantagem disso tudo foi emagrecer.
Entendi agora o que um dia li sobre o sofrimento. Li que a dor do sofrimento era a dor da transformação. Eu me transformei ou, na pior das hipóteses, estou me transformando. E a evidência maior disso talvez seja começar a me sentir inteira, na vida, no trabalho, nas relações. Eu estou inteira. Sinto como se estivesse na largada, pronta para iniciar a corrida.
Devagar? Devagar não. Não venham me dizer que tenho que ir mais devagar, porque eu já aceitei o meu ritmo mais rápido. E vou até onde não me fizer mal, fazendo pit stop em sombras gostosas e seguras. Eu sigo e sigo rápido, porque assim sou e porque sei que para várias coisas na vida (na minha e na de outras pessoas) essa velocidade é muito importante.
Certamente, terei parceiros na corrida ou, pelo menos, nos descansos. P-A-R-C-E-R-I-A! Só aceito se assim for. Quero dividir o dia, a vida, os sonhos, os planos. Volto a ter sede de gente, de me deslumbrar com as histórias e me permitir descobertas.
É! Quatro dias podem mudar a vida de uma pessoa? A sensação é essa: mudança! Sinto-me deliciosamente estranha e tomada por uma assustadora vontade de viver.
Depois de quatro dias com amigos, reflexões e planejamentos, fui para o aeroporto, para voltar para casa. Fui de táxi, com o vidro aberto. Vento na cara, cabelos assanhados e sorriso no rosto, refletem bem o que senti e ainda sinto. Eu quero e começo a respirar, a ter vontade de viver. Não quero mais o que me faz mal; o que sei que me faz mal e me impede de crescer. Não admito mais minhas próprias idealizações, que fazem com que eu me frustre a cada momento, quando descubro que as pessoas não são o que sempre achei que fossem.
Eu quero simplesmente viver, sem abdicar de pensar. Pensar sim! Exaustivamente, como venho fazendo. E vá para longe de mim quem acha que não pensar é a melhor alternativa. Eu estou encontrando as minhas respostas e isso só é possível porque ousei pensar e, de certa forma, suportei a dor implicada nisso. Suportei a dor e hoje é o dia do gozo na tranquilidade.
Entendo onde estou, o que está acontecendo comigo e sei mais ainda para onde quero ir. Não é para trás. É para frente. Olhar para trás me deixa saudosa e me faz mergulhar em um encantamento que me cega; que me cegou por tantos anos. Digo logo que não me culpo por isso, porque até cegar é uma experiência importante para valorizar o que há de bom em ver, em enxergar.
Estou determinada e extremamente comprometida com o meu projeto de ser. De ser e de viver o que tantas amarras me impediram. Não responsabilizo ninguém por essas amarras. Eu as construí e, hoje, entendo como eu precisei delas. Mas não as quero mais. Não preciso mais delas.
Foram 04 intensos dias, que começaram no frio, com um abraço quente e terminaram no vento, com previsões e com um sorriso no rosto. A vontade agora, como o vento, é me espalhar, correr, gritar e estar perto das pessoas que me fazem bem. Diante de tantas culpas, a sensação agora é de orgulho do que consegui ser e construir, do quanto respeitei meus princípios, do quanto cuidei do que chamo de amor. Diante dos erros, me orgulho de honestamente ter tentado, de ter investido e sinto que cresci. Tenho orgulho de não ter parado, mesmo quando me vi sozinha e com dificuldades de caminhar. Aí lembro da minha família, da minha mãe e do quanto ela me inspira a ser forte e reagir diante da vida. Ela soube estar do meu lado na medida certa, sem me carregar no colo, mas deixando claro que eu não estou sozinha. Essa lembrança me faz, além de ter orgulho do que sou, ter orgulho de onde vim.
É! No final de todo esse sofrimento (porque sinto que ele está acabando), sem nenhuma modéstia, quero dizer que me sinto uma pessoa bem melhor: mais forte, porque conheço melhor as minhas fragilidades; mais segura do que quero para mim, para minha vida; menos só, porque soube ficar perto e valorizar os amigos que sempre soube que tinha e os que descobri deliciosamente que tenho. Sem falar que ainda me vejo mais bonita, porque mais uma vantagem disso tudo foi emagrecer.
Entendi agora o que um dia li sobre o sofrimento. Li que a dor do sofrimento era a dor da transformação. Eu me transformei ou, na pior das hipóteses, estou me transformando. E a evidência maior disso talvez seja começar a me sentir inteira, na vida, no trabalho, nas relações. Eu estou inteira. Sinto como se estivesse na largada, pronta para iniciar a corrida.
Devagar? Devagar não. Não venham me dizer que tenho que ir mais devagar, porque eu já aceitei o meu ritmo mais rápido. E vou até onde não me fizer mal, fazendo pit stop em sombras gostosas e seguras. Eu sigo e sigo rápido, porque assim sou e porque sei que para várias coisas na vida (na minha e na de outras pessoas) essa velocidade é muito importante.
Certamente, terei parceiros na corrida ou, pelo menos, nos descansos. P-A-R-C-E-R-I-A! Só aceito se assim for. Quero dividir o dia, a vida, os sonhos, os planos. Volto a ter sede de gente, de me deslumbrar com as histórias e me permitir descobertas.
É! Quatro dias podem mudar a vida de uma pessoa? A sensação é essa: mudança! Sinto-me deliciosamente estranha e tomada por uma assustadora vontade de viver.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
“Viva. Aproveite a sua vida”.
Por favor, ao escutar, não sinta nessa frase nenhum carinho. Principalmente, quando ela é dita por um ex-namorado seu. Parece um comando. A pessoa que lhe diz para viver acha que você não está vivendo. A pessoa que diz aproveite a sua vida acha que você não está aproveitando. E, do alto de um pedestal, diz isso com uma autoridade que nunca será condizente com o lugar dele na sua vida.
Se considerarmos que viver e aproveitar a vida são “conceitos” extremamente subjetivos, talvez isso diminua um pouco a aridez deste comando. De fato, a forma como você está vivendo pode não ser a forma como esse ex entende que é viver e, mais uma vez, aproveitar a vida. Mas quem é ele para dizer a você como fazer isso?
O fato é que eu escutei e decidi que N-U-N-C-A direi esta frase para alguém. E tenho, para tomar essa decisão drástica, alguns bons motivos. Primeiro, a única forma de você não viver é morrer e, se a pessoa está de corpo presente para escutar esta frase, é porque ela não morreu. O segundo motivo, extremamente ligado ao primeiro, é que, independente do conceito de viver, uma coisa é certa: uma vez vivo, cada um vive como pode. E, portanto, não cabe nenhum tipo de julgamento sobre se se está vivendo ou não. O terceiro motivo vem do “aproveite a vida”. Não dá para mandar ninguém aproveitar a vida sem falar no que se entende por isso. Trata-se de uma frase vazia, em qualquer circunstância. Por ser vazia, no meu caso, em especial, essa frase se encheu das marcas do que foi vivido e me remeteu a práticas promíscuas, no que ele entende por aproveitar a vida. Práticas que, desde que resolvi crescer, não estão no meu horizonte e no meu conceito de aproveitar a vida. Saindo do meu caso, de toda forma, por ser uma frase vazia, ofende porque denota uma postura autoritária de alguém que quer lhe imprimir uma forma de aproveitar a vida.
Espero que os meus motivos tenham ficado claros o suficiente para você também não falar essa frase para ninguém. Este tipo de corrente (quem ler esse texto não fala essa frase nunca mais na vida) seria muito mais pertinente e traria bem mais benefícios às relações do que àquelas que a gente recebe por e-mail. Para concluir, acrescento: pior do que escutar “Viva. Aproveite a sua vida” só há uma outra frase: “eu quero que você se cuide”. Ou, para lascar tudo de vez, diz-se para os amigos: “por favor, cuidem dela”. Ah! Me poupe!
Se considerarmos que viver e aproveitar a vida são “conceitos” extremamente subjetivos, talvez isso diminua um pouco a aridez deste comando. De fato, a forma como você está vivendo pode não ser a forma como esse ex entende que é viver e, mais uma vez, aproveitar a vida. Mas quem é ele para dizer a você como fazer isso?
O fato é que eu escutei e decidi que N-U-N-C-A direi esta frase para alguém. E tenho, para tomar essa decisão drástica, alguns bons motivos. Primeiro, a única forma de você não viver é morrer e, se a pessoa está de corpo presente para escutar esta frase, é porque ela não morreu. O segundo motivo, extremamente ligado ao primeiro, é que, independente do conceito de viver, uma coisa é certa: uma vez vivo, cada um vive como pode. E, portanto, não cabe nenhum tipo de julgamento sobre se se está vivendo ou não. O terceiro motivo vem do “aproveite a vida”. Não dá para mandar ninguém aproveitar a vida sem falar no que se entende por isso. Trata-se de uma frase vazia, em qualquer circunstância. Por ser vazia, no meu caso, em especial, essa frase se encheu das marcas do que foi vivido e me remeteu a práticas promíscuas, no que ele entende por aproveitar a vida. Práticas que, desde que resolvi crescer, não estão no meu horizonte e no meu conceito de aproveitar a vida. Saindo do meu caso, de toda forma, por ser uma frase vazia, ofende porque denota uma postura autoritária de alguém que quer lhe imprimir uma forma de aproveitar a vida.
Espero que os meus motivos tenham ficado claros o suficiente para você também não falar essa frase para ninguém. Este tipo de corrente (quem ler esse texto não fala essa frase nunca mais na vida) seria muito mais pertinente e traria bem mais benefícios às relações do que àquelas que a gente recebe por e-mail. Para concluir, acrescento: pior do que escutar “Viva. Aproveite a sua vida” só há uma outra frase: “eu quero que você se cuide”. Ou, para lascar tudo de vez, diz-se para os amigos: “por favor, cuidem dela”. Ah! Me poupe!
Em São Paulo
Foi um final de semana de frio. Um frio que começou por dentro e foi se materializando na fria São Paulo. Esquisito o que essa cidade proporciona. Há um quê de deslumbramento, pelas pessoas, pelos hábitos de vida e pela liberdade de ser. Andar pela Avenida Paulista, descendo pela Augusta é realmente libertador. Mas também há um quê de sufocamento. Porque em todos os lugares há muita gente, porque há trânsito às 22 horas de um domingo.
Eu vim bem menos pelo lugar e mais pelas pessoas. Vim atrás das irmãs que escolhi para mim e de outros tantos amigos que por aqui escolheram viver. Saí do Aeroporto já com Mari, cheguei na casa delas e fiquei por horas deitada no colo de Liu. Fiquei me perguntando como não havia feito isso antes.
Ainda vi Ju Terribili, que não via há uns cinco anos. Vi Mari Pires, Asas, Thiago Pêda, Mayra, Slivia, Rô Valente... foi uma delícia. Programinhas leves, regados a bons vinhos. Conversas gostosas, colos seguros. Pude dividir a vida, escutar e dizer coisas importantes. Em alguns momentos, bateu saudade da minha “vidinha feliz”. Em outros momentos, me deu uma vontade de reviver a liberdade de “ganhar o mundo”, que um dia já foi objeto de tanto desejo, e ser feliz assim.
Fiquei pensando como deixar de lado essa dose de drama que há na minha vida, em como me permitir viver, olhando para frente. Caminhei, escorreguei, mas sei que preciso seguir. Acordei, na segunda-feira, com o coração apertado. Talvez o tarô tenha me mostrado que o momento que vivi é muito mais do que um momento de dor. É um momento de transformação. Transformar o que em quê? Ai, ai, ai...
Eu vim bem menos pelo lugar e mais pelas pessoas. Vim atrás das irmãs que escolhi para mim e de outros tantos amigos que por aqui escolheram viver. Saí do Aeroporto já com Mari, cheguei na casa delas e fiquei por horas deitada no colo de Liu. Fiquei me perguntando como não havia feito isso antes.
Ainda vi Ju Terribili, que não via há uns cinco anos. Vi Mari Pires, Asas, Thiago Pêda, Mayra, Slivia, Rô Valente... foi uma delícia. Programinhas leves, regados a bons vinhos. Conversas gostosas, colos seguros. Pude dividir a vida, escutar e dizer coisas importantes. Em alguns momentos, bateu saudade da minha “vidinha feliz”. Em outros momentos, me deu uma vontade de reviver a liberdade de “ganhar o mundo”, que um dia já foi objeto de tanto desejo, e ser feliz assim.
Fiquei pensando como deixar de lado essa dose de drama que há na minha vida, em como me permitir viver, olhando para frente. Caminhei, escorreguei, mas sei que preciso seguir. Acordei, na segunda-feira, com o coração apertado. Talvez o tarô tenha me mostrado que o momento que vivi é muito mais do que um momento de dor. É um momento de transformação. Transformar o que em quê? Ai, ai, ai...
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Em casa...
Foi aqui que tudo começou. O sonho de ter uma casa, de construir uma vida compartilhada. Ela deixou de ser menina para ser mulher. Ele a viu crescer demais e fez o que pôde para caminhar com ela. Para ela, era a primeira vez. Saia de casa, assumia responsabilidades, tomava as rédeas da vida. Ter uma casa era muito mais do que ter um marido.Era a consagração de ser mulher, adulta, independente. Mas ter um marido também era algo importante. Ser feliz com ele? Mais ainda.
Desde a adolescência, quando ela viu o casamento dos pais desmoronar, ela traçou um caminho diferente para ela. Teria que dar certo e por que não ser para sempre? Eles se sentiram escolhidos um pelo outro e por alguma energia que fazia da vida mais vida, quando eles estavam juntos.
Ela amou de forma desmedida e depositou um pouquinho de amor em cada canto dessa casa. Fez da casa um lar, no lar construiu uma família. A sua família. Um sonho, dos mais bonitos... igual ao que foi planejado, lá na dita adolescência. Só faltou uma coisa: o para sempre. O para sempre durou quatro anos. A casa foi lar por dois anos. Agora o desafio é que a família continue sendo família.
Hoje, ela olhou com cuidado ao redor. Sentou no sofá e encheu a cabeça de lembranças. Chorou porque, de repente, voltou a se ver como menina. Mas riu. Riu porque a sensação de ter vivido intensamente traz uma dose de alegria, mesmo quando ainda há um aperto no peito.
Organizou a mudança e olhou pra frente. Ao olhar, encontrou novas paisagens e novos começos. Se sentiu muito cansada, mas viu uma mão estendida,sentiu um abraço apertado e resolveu, com uma certa dose de esforço, seguir.
Desde a adolescência, quando ela viu o casamento dos pais desmoronar, ela traçou um caminho diferente para ela. Teria que dar certo e por que não ser para sempre? Eles se sentiram escolhidos um pelo outro e por alguma energia que fazia da vida mais vida, quando eles estavam juntos.
Ela amou de forma desmedida e depositou um pouquinho de amor em cada canto dessa casa. Fez da casa um lar, no lar construiu uma família. A sua família. Um sonho, dos mais bonitos... igual ao que foi planejado, lá na dita adolescência. Só faltou uma coisa: o para sempre. O para sempre durou quatro anos. A casa foi lar por dois anos. Agora o desafio é que a família continue sendo família.
Hoje, ela olhou com cuidado ao redor. Sentou no sofá e encheu a cabeça de lembranças. Chorou porque, de repente, voltou a se ver como menina. Mas riu. Riu porque a sensação de ter vivido intensamente traz uma dose de alegria, mesmo quando ainda há um aperto no peito.
Organizou a mudança e olhou pra frente. Ao olhar, encontrou novas paisagens e novos começos. Se sentiu muito cansada, mas viu uma mão estendida,sentiu um abraço apertado e resolveu, com uma certa dose de esforço, seguir.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Do deixar de amar
É triste ver o amor se despedir. Porque ele não se despede. Sai, sem avisar...Ele primeiro embaça o olhar. Você não consegue mais ver a pessoa amada. Depois ele confunde as vontades. Por último, ele apaga o fogo. Apaga e sai. Antes de fechar a porta, ele sai chutando todos os últimos sonhos que encontra pela frente. Como é triste ver o amor ir embora.
obs: feliz é a pessoa que deixa de ser amada no mesmo tempo em que deixa de amar.
obs: feliz é a pessoa que deixa de ser amada no mesmo tempo em que deixa de amar.
sábado, 14 de maio de 2011
Desconhecimento?
Pensei em apagar uma postagem anterior, intitulada Desconhecimento, porque hoje ela já faz pouco sentido, mesmo tendo sido escrita há apenas uma semana atrás. É assim que percebo o quanto a minha vida está acelerada e o quanto estou sentindo de forma desgovernada.
Que ousadia a minha achar que conheço ou desconheço as pessoas. Ousadia maior ainda apostar no que está chegando e desconfiar do que tinha de mais certo. Mas as pessoas são assim! Elas escorregam, elas nos escapam... positivamente ou negativamente, elas escapam das nossas expectativas.
Eu tenho medo das pessoas e do mal que elas podem causar a quem dizem que amam. Mas também me fascino, diante do bem que um pequeno gesto pode propiciar. Eu quero voltar a acreditar nas pessoas e sinto que, para isso, preciso começar por mim: acreditar em mim.
Acreditar em mim e no bem que eu posso me fazer, em como posso me cuidar. Não me render as minhas dores, nem as minhas culpas. Ir atrás do que quero e do que vejo hoje que era o sentido da minha vida.
Sentido da vida! Qual seria o sentido da vida? A gente vive para quê? Está aí algo que vem me intrigando. Parece que eu vivia para ele. Claro que com base em tudo que penso sobre as pessoas, sobre o mundo e mantendo muita coerência diante disso. Mas eu vivia para ele sim. E como isso me dava prazer! Gostava de cuidar da casa, da comida, do dinheiro... de tudo. Gostava de ser para ele.
Só que foi exatamente isso que pesou. Pesou e me transformou em um peso, também na vida dele. Fico querendo sair dessa condição, a de peso. E ainda não consigo. Fico lembrando dos momentos que fui/fomos felizes e, ao invés de me sentir feliz, isso me gera angústia.
Na verdade, talvez seja só uma vontade desesperada de voltar a ser feliz, de aliviar a dor que sinto. Ou ainda um desespero maior de constatar que o amor pode não ser suficiente. Desespero!
Antonio (“o” terapeuta) me disse que eu tinha que encontrar o meu tempo e que precisava ser um tempo diferente do desespero. Disse ainda que eu precisava passar pela dor, sem evitá-la, sem minimizá-la. Precisava senti-la. Questionei ele : como se faz isso?
Antonio me fez ver que as pessoas entram na minha vida como bóias. Mas o que não é bóia na nossa vida? Tem dias que é o trabalho, outros dias é a família... a gente sempre procura algo em que se segurar. A dor é quando escolhemos bóias de pouca qualidade. Algumas que parecem bonitas, mas estão discretamente furadas. Antonio se viu obrigado a concordar comigo.
Eu era a bóia dele e ele a minha. E como a gente precisava um do outro e nessa condição! O fato é que há uns dois meses estou nadando, desesperadoramente, me segurando em outras bóias, e isso vem me dando a certeza que, mesmo diante da efemeridade de bóias desse tipo, não havia bóia melhor.
Mas sinto que ela se foi para longe. E isso é realmente angustiante. Eu deixei ela ir. E agora estou aqui, no desafio de viver sem bóias, ou, ao menos, procurar bóias mais resistentes.
Que ousadia a minha achar que conheço ou desconheço as pessoas. Ousadia maior ainda apostar no que está chegando e desconfiar do que tinha de mais certo. Mas as pessoas são assim! Elas escorregam, elas nos escapam... positivamente ou negativamente, elas escapam das nossas expectativas.
Eu tenho medo das pessoas e do mal que elas podem causar a quem dizem que amam. Mas também me fascino, diante do bem que um pequeno gesto pode propiciar. Eu quero voltar a acreditar nas pessoas e sinto que, para isso, preciso começar por mim: acreditar em mim.
Acreditar em mim e no bem que eu posso me fazer, em como posso me cuidar. Não me render as minhas dores, nem as minhas culpas. Ir atrás do que quero e do que vejo hoje que era o sentido da minha vida.
Sentido da vida! Qual seria o sentido da vida? A gente vive para quê? Está aí algo que vem me intrigando. Parece que eu vivia para ele. Claro que com base em tudo que penso sobre as pessoas, sobre o mundo e mantendo muita coerência diante disso. Mas eu vivia para ele sim. E como isso me dava prazer! Gostava de cuidar da casa, da comida, do dinheiro... de tudo. Gostava de ser para ele.
Só que foi exatamente isso que pesou. Pesou e me transformou em um peso, também na vida dele. Fico querendo sair dessa condição, a de peso. E ainda não consigo. Fico lembrando dos momentos que fui/fomos felizes e, ao invés de me sentir feliz, isso me gera angústia.
Na verdade, talvez seja só uma vontade desesperada de voltar a ser feliz, de aliviar a dor que sinto. Ou ainda um desespero maior de constatar que o amor pode não ser suficiente. Desespero!
Antonio (“o” terapeuta) me disse que eu tinha que encontrar o meu tempo e que precisava ser um tempo diferente do desespero. Disse ainda que eu precisava passar pela dor, sem evitá-la, sem minimizá-la. Precisava senti-la. Questionei ele : como se faz isso?
Antonio me fez ver que as pessoas entram na minha vida como bóias. Mas o que não é bóia na nossa vida? Tem dias que é o trabalho, outros dias é a família... a gente sempre procura algo em que se segurar. A dor é quando escolhemos bóias de pouca qualidade. Algumas que parecem bonitas, mas estão discretamente furadas. Antonio se viu obrigado a concordar comigo.
Eu era a bóia dele e ele a minha. E como a gente precisava um do outro e nessa condição! O fato é que há uns dois meses estou nadando, desesperadoramente, me segurando em outras bóias, e isso vem me dando a certeza que, mesmo diante da efemeridade de bóias desse tipo, não havia bóia melhor.
Mas sinto que ela se foi para longe. E isso é realmente angustiante. Eu deixei ela ir. E agora estou aqui, no desafio de viver sem bóias, ou, ao menos, procurar bóias mais resistentes.
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Da distância.
Às vezes, é preciso estar longe para perceber a real dimensão das coisas. É da distância que vem a tranqüilidade. É na distância que se dá o exercício da racionalidade, de ver o que realmente é importante. Mas tem que haver uma janela para, mesmo de longe, você continuar acreditando que ainda é possível estar perto. Até porque o destino de toda distância precisa ser deixar de existir. É que a vida brota nas relações de proximidade, de intimidade, onde você se mistura com o outro. É em você, é no outro e é o outro.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Desconhecimento
É estranho você perceber que conviveu quatro anos com uma pessoa e que não a conhece. É muito estranho você vê-la fazendo coisas que você jamais imaginou. Na verdade, eu sempre o admirei por ser diferente e sentia o conforto de nunca passar por isso. Era por isso que o amava tanto. Amava o quanto ele se diferenciava dos outros. Vivi por quatro anos essa ilusão.
Hoje, questiono o que havia de amor nisso tudo. Acho que ele me apresentava cotidianamente uma farsa, enquanto eu confessava todas as minhas fragilidades e as encarava (e me culpava!).
Tenho que concordar que a melhor análise até agora foi a de Tiago, que disse que a gente se apaixonou antes de se conhecer. Se eu soubesse que ele era assim, talvez não tivesse me apaixonado.
O bom é que tudo isso faz com que hoje eu procure viver um novo “nós”. Começo a deixar ele entrar... Olho atenta para como ele se mostra para mim. A cada dia, descubro uma coisa nele... algumas que me seduzem e outras que deixam um tanto desconfiada. E vou seguindo devagar, desviando dos rótulos e curtindo cada pedacinho dessa nova história.
Dessa vez, o “ele” é mais familiar. Um homem lindo, que chegou mexendo na minha vida e nos meus sentimentos. Um homem que me identifico não só por características pontuais, como também pela forma de ver o mundo e de se ver no mundo. E como isso é importante! Um homem que tem sua vida, sua casa, seu trabalho, que dá conta de si; que não é músico, mas adora música (e ainda canta para mim!). Um homem que conversa comigo sobre o meu trabalho, sobre os temas que me interesso e sempre me surpreende com uma colocação que me faz pensar (essas são as melhores!).
Mas ele é também um homem livre demais. Poderia até dizer que é meio escorregadio... não me atende sempre que ligo, não pode me ver sempre que quero. É mais acelerado do que eu e, por conseguinte, parece ter menos tempo do que eu. Mas é também um homem leve. É um homem que me faz rir e que, ultimamente, vem me surpreendendo com um cuidado sutil e bonito. Sem falar na maturidade e na capacidade de escutar as piores notícias.
Hoje, pensei muito nele e o pensar me fez ver tudo isso que acabo de escrever, me fez ter vontade de viver e experimentar esse “nós”, porque é ele que me faz querer e ainda acreditar em um novo “nós”. Só que agora como um “nós” diferente, baseado no conhecer, no admirar, no desconfiar e na possibilidade de, da forma mais genuína, amar.
Hoje, questiono o que havia de amor nisso tudo. Acho que ele me apresentava cotidianamente uma farsa, enquanto eu confessava todas as minhas fragilidades e as encarava (e me culpava!).
Tenho que concordar que a melhor análise até agora foi a de Tiago, que disse que a gente se apaixonou antes de se conhecer. Se eu soubesse que ele era assim, talvez não tivesse me apaixonado.
O bom é que tudo isso faz com que hoje eu procure viver um novo “nós”. Começo a deixar ele entrar... Olho atenta para como ele se mostra para mim. A cada dia, descubro uma coisa nele... algumas que me seduzem e outras que deixam um tanto desconfiada. E vou seguindo devagar, desviando dos rótulos e curtindo cada pedacinho dessa nova história.
Dessa vez, o “ele” é mais familiar. Um homem lindo, que chegou mexendo na minha vida e nos meus sentimentos. Um homem que me identifico não só por características pontuais, como também pela forma de ver o mundo e de se ver no mundo. E como isso é importante! Um homem que tem sua vida, sua casa, seu trabalho, que dá conta de si; que não é músico, mas adora música (e ainda canta para mim!). Um homem que conversa comigo sobre o meu trabalho, sobre os temas que me interesso e sempre me surpreende com uma colocação que me faz pensar (essas são as melhores!).
Mas ele é também um homem livre demais. Poderia até dizer que é meio escorregadio... não me atende sempre que ligo, não pode me ver sempre que quero. É mais acelerado do que eu e, por conseguinte, parece ter menos tempo do que eu. Mas é também um homem leve. É um homem que me faz rir e que, ultimamente, vem me surpreendendo com um cuidado sutil e bonito. Sem falar na maturidade e na capacidade de escutar as piores notícias.
Hoje, pensei muito nele e o pensar me fez ver tudo isso que acabo de escrever, me fez ter vontade de viver e experimentar esse “nós”, porque é ele que me faz querer e ainda acreditar em um novo “nós”. Só que agora como um “nós” diferente, baseado no conhecer, no admirar, no desconfiar e na possibilidade de, da forma mais genuína, amar.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Da racionalidade
Eu queria falar no que sinto agora. Mas é sempre tão difícil encontrar palavras para definir, porque os sentimentos vem sempre misturados. Como em um liquidificador, sacolejando tudo, fundindo tudo. É como se eu fosse me transformando em um todo estranho. E começar a me reconhecer assim faz com o que o inicialmente estranho seja a cada dia mais familiar.
A sensação que tenho é que estou me conhecendo, aprendendo a lidar comigo, ao entender os sentidos que algumas pessoas tem na minha vida. É um exercício doloroso e, ao mesmo tempo, confortante. E vem sendo realizado de uma forma tão serena, que chega me assusto.
Chega de torturas. Digo mais: acho que está mesmo chegando a hora de voltar a viver. Ou melhor, tentar recomeçar a vida, agora de uma outra forma. Dessa vez, estou voltando instigada!
A sensação que tenho é que estou me conhecendo, aprendendo a lidar comigo, ao entender os sentidos que algumas pessoas tem na minha vida. É um exercício doloroso e, ao mesmo tempo, confortante. E vem sendo realizado de uma forma tão serena, que chega me assusto.
Chega de torturas. Digo mais: acho que está mesmo chegando a hora de voltar a viver. Ou melhor, tentar recomeçar a vida, agora de uma outra forma. Dessa vez, estou voltando instigada!
sábado, 30 de abril de 2011
Musiquinha de sábado
Nem curto tanto a bandinha, mas... a música apareceu sem querer e gostei de escutar.
Leve com você (Natiruts)
Só o que foi bom
Ódio e rancor
Não dão em nada
Nada
Ouço aquele som
Lembro de você
Como acabou
Mas não tem nada não
Só guardo o que foi bom
No meu coração
O amor é como o sol
Sabe como renascer
Sinto o calor
De mais um verão
Tudo ganhar cor
E de nada vai valer
Lamentar a dor
Nós temos que
Seguir em frente
A vida não parou
Vai ser difícil esquecer
Tudo o que passou
Mas são as quedas
que ensinam a cultivar o nosso amor
Pensar no nosso futuro
Pensar no nosso futuro
Ser feliz
http://www.youtube.com/watch?v=n1knUeRijuA&feature=player_embedded
Leve com você (Natiruts)
Só o que foi bom
Ódio e rancor
Não dão em nada
Nada
Ouço aquele som
Lembro de você
Como acabou
Mas não tem nada não
Só guardo o que foi bom
No meu coração
O amor é como o sol
Sabe como renascer
Sinto o calor
De mais um verão
Tudo ganhar cor
E de nada vai valer
Lamentar a dor
Nós temos que
Seguir em frente
A vida não parou
Vai ser difícil esquecer
Tudo o que passou
Mas são as quedas
que ensinam a cultivar o nosso amor
Pensar no nosso futuro
Pensar no nosso futuro
Ser feliz
http://www.youtube.com/watch?v=n1knUeRijuA&feature=player_embedded
terça-feira, 26 de abril de 2011
Sem contagem
Nem progressiva, nem regressiva. Dessa vez, é sem contagem, sem desespero e sem grandes sofrimentos. Eu vim, com a dificuldade de sempre, mas vim. Arrumei a mala de madrugada, para viajar de madrugada. E, perto da hora de sair de casa, escutei a chuva na janela do quarto, parecendo aplausos. Aquela chuva que sempre vem me dizer que tudo ficará bem.
Fui com Clarice, nos momentos que consegui ficar acordada, e ela, como sempre, disse coisas bem importantes. Com os pés no Rio de Janeiro, mais uma vez, chuva. De toda forma, o Rio me parece mais bonito.
A casa que vou ficar também. Sem a vista inspiradora da janela, sem móveis, sem decoração. O vazio da casa me remeteu ao meu vazio. Fiquei comigo um tempo, ardeu. Respirei e passou. É assim, passa! E a casa vazia me diz que ela pode ser o que quisermos que seja.
Estou bem e sei que logo logo ficarei melhor. Hoje, consigo ver as coisas de uma forma diferente; idealizo menos as pessoas, tantos as que passaram quanto as que estão chegando. E, em função disso, acabo me cobrando menos também.
Vontade de viver mais devagar, vivendo uma coisa de cada vez. Eu e eu. Eu, comigo.
Fui com Clarice, nos momentos que consegui ficar acordada, e ela, como sempre, disse coisas bem importantes. Com os pés no Rio de Janeiro, mais uma vez, chuva. De toda forma, o Rio me parece mais bonito.
A casa que vou ficar também. Sem a vista inspiradora da janela, sem móveis, sem decoração. O vazio da casa me remeteu ao meu vazio. Fiquei comigo um tempo, ardeu. Respirei e passou. É assim, passa! E a casa vazia me diz que ela pode ser o que quisermos que seja.
Estou bem e sei que logo logo ficarei melhor. Hoje, consigo ver as coisas de uma forma diferente; idealizo menos as pessoas, tantos as que passaram quanto as que estão chegando. E, em função disso, acabo me cobrando menos também.
Vontade de viver mais devagar, vivendo uma coisa de cada vez. Eu e eu. Eu, comigo.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Da apropriação da cama.
Faltava-me coragem. Mas, depois de duas noites encolhida no meu lado da cama, resolvi romper com a barreira que fazia do outro lado o dele. Misturei os travesseiros, para não identificar mais qual era o de quem, desarrumei o lençol de cobrir e me espalhei na cama. Acho até que dormi na diagonal! Mas eu dormi, por um pouco mais de 08 horas (o que é muito raro). Acredito que só acordei porque (claro!) mainha ligou. E acordei bem, agradecendo a quem me dá tranquilidade... e com bem mais de vontade de viver. E, digo mais... a partir de hoje, a cama é TODA minha!
terça-feira, 19 de abril de 2011
Taças de cristal?
Eu esperava que ele lembrasse das fotos do nosso casamento. Dissesse que queria levar uma cópia do DVD, só para guardar de lembrança. Mas não. Ver o homem menos materialista e mais sensível que conhecia me questionar sobre o que tínhamos de valor foi só mais uma dor, entre tantas. Ver a frieza, a ironia, nem se fala. Mas, talvez, sejam dores importantes de serem sentidas. Talvez, finalmente, eu o tire desse lugar tão idealizado e entenda que até ele, nos momentos de dor, faz coisas que não faria antes. Mas é triste.
domingo, 17 de abril de 2011
Comprometida.
Acabei de ler Comprometida: uma história de amor. Com o fim do livro veio também o fim do meu casamento. Os porquês estão claros, tanto para mim quanto para ele. Mas a minha forma de me cobrar e de me responsabilizar por quase tudo faz sempre da dor uma dor maior.
Porque acabar um casamento, mais do que se distanciar de alguém que você ama, como de tudo que tem ao redor disso, é também não corresponder a uma dada expectativa sócio-cultural. Há quem diga que isso é bobagem. Não acho. E digo logo que não falo de uma cultura como algo externo às pessoas. Falo da cultura como produtora de subjetividades.
Ontem mesmo estava lembrando Foucault e as discussões que ele traz em Vigiar e Punir sobre a transição de uma sociedade disciplinar para uma sociedade de controle. Foucault diz que na soceidade de controle (a que vivemos!) não é mais necessário prédio, normas. A norma já foi incorporada de tal forma que não precisa você dizer o outro o que fazer; ele faz. O controle é mais sutil, porém mais disperso e nisso se fortalece.
Até dentro do meu posicionamento político feminista, tão estruturante para mim, tão marcador do meu olhar para todas as coisas, coube (e vem cabendo!) uma frustração e sofrimento diante de não ter conseguido cumprir esse designo social. Como se não bastasse, se misturam a essas coisas sentimentos confusos, contraditórios, que, em alguns momentos, dimensionam as coisas de uma forma, em outros momentos de uma forma quase que oposta.
Muito difícil! A sensação é de estar no olho do furacão. Porque uma coisa era falar em separação. Outra coisa, é sentir isso na pele. Encontrar no homem que você achava que conhecia uma outra pessoa, de sentimentos e formas estranhas de lidar com esses sentimentos. A sensação é de estranhamento.
Um estranhamento que se mistura com revolta mesmo. Mas sempre há alguém para dizer o óbvio e lhe apresentar outras possibilidades de ser e sentir no mundo. Resta não parar de caminhar. E ainda bem que amanhã é segunda-feira! Caminha, Dona Edna! Caminha!
Porque acabar um casamento, mais do que se distanciar de alguém que você ama, como de tudo que tem ao redor disso, é também não corresponder a uma dada expectativa sócio-cultural. Há quem diga que isso é bobagem. Não acho. E digo logo que não falo de uma cultura como algo externo às pessoas. Falo da cultura como produtora de subjetividades.
Ontem mesmo estava lembrando Foucault e as discussões que ele traz em Vigiar e Punir sobre a transição de uma sociedade disciplinar para uma sociedade de controle. Foucault diz que na soceidade de controle (a que vivemos!) não é mais necessário prédio, normas. A norma já foi incorporada de tal forma que não precisa você dizer o outro o que fazer; ele faz. O controle é mais sutil, porém mais disperso e nisso se fortalece.
Até dentro do meu posicionamento político feminista, tão estruturante para mim, tão marcador do meu olhar para todas as coisas, coube (e vem cabendo!) uma frustração e sofrimento diante de não ter conseguido cumprir esse designo social. Como se não bastasse, se misturam a essas coisas sentimentos confusos, contraditórios, que, em alguns momentos, dimensionam as coisas de uma forma, em outros momentos de uma forma quase que oposta.
Muito difícil! A sensação é de estar no olho do furacão. Porque uma coisa era falar em separação. Outra coisa, é sentir isso na pele. Encontrar no homem que você achava que conhecia uma outra pessoa, de sentimentos e formas estranhas de lidar com esses sentimentos. A sensação é de estranhamento.
Um estranhamento que se mistura com revolta mesmo. Mas sempre há alguém para dizer o óbvio e lhe apresentar outras possibilidades de ser e sentir no mundo. Resta não parar de caminhar. E ainda bem que amanhã é segunda-feira! Caminha, Dona Edna! Caminha!
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Dia 10
Pronto! Missão cumprida. Talvez, não dá melhor forma, diante de tantas turbulências, mas cumprida sim.
Hoje, a aula foi sobre trabalho e gênero, com a discussão de um texto de Jussara Brito. Muito bom! Saí ainda mais convencida que esse é mesmo os óculos, a partir dos quais vejo o mundo. Não tem jeito. Lembrei do texto A classe operária tem dois sexos, de Hirata, e me deliciei nas tantas discussões que surgiram em sala.
Na minha sala são oito mulheres e um homem. Todos bem mais velhos do que eu. As mulheres são, além de muito legais, em sua maior parte, o estereótipo de “mulherzinha”. Claro que minhas opiniões seriam polêmicas. Certa hora, fiz um comentário e professora riu, dizendo: “ai que saudade da minha juventude!”. Né, lasca? Perdeu 10 pontos comigo. Mas o debate foi bom.
Só que foi só sair da sala que voltaram os meus tormentos. Ninguém nunca vai imaginar o que foi, para mim, viver esses dias aqui, neste momento da minha vida. Me senti violentada, numa aprendizagem forçada... como se a vida tivesse dizendo: “agora cresça”. Não cresci. Pelo contrário, tive consciência da minha pequeninisse e vi mesmo o quanto preciso de um certo punhado de pessoas ao meu redor. Se reconhecer o quanto precisa de outros é crescer, sim... cresci!
Volto querendo encontrar cada uma dessas pessoas, para dizer para cada um o quanto é importante para mim. E agora, ao escrever aqui, sinto uma tranqüilidade... quase como um suspiro, um “ufa”. Estou voltando para casa e agora está muito claro que a minha casa é onde estão as pessoas que amo. É onde me sinto segura e protegida. Como, hoje, dou mais valor a essa casa. Ela não é física, não tem móveis. É só afeto.
Vou agora comer um sushi com Mário e Lucas, torcendo que o tempo passe e que eu chegue em casa.
Hoje, a aula foi sobre trabalho e gênero, com a discussão de um texto de Jussara Brito. Muito bom! Saí ainda mais convencida que esse é mesmo os óculos, a partir dos quais vejo o mundo. Não tem jeito. Lembrei do texto A classe operária tem dois sexos, de Hirata, e me deliciei nas tantas discussões que surgiram em sala.
Na minha sala são oito mulheres e um homem. Todos bem mais velhos do que eu. As mulheres são, além de muito legais, em sua maior parte, o estereótipo de “mulherzinha”. Claro que minhas opiniões seriam polêmicas. Certa hora, fiz um comentário e professora riu, dizendo: “ai que saudade da minha juventude!”. Né, lasca? Perdeu 10 pontos comigo. Mas o debate foi bom.
Só que foi só sair da sala que voltaram os meus tormentos. Ninguém nunca vai imaginar o que foi, para mim, viver esses dias aqui, neste momento da minha vida. Me senti violentada, numa aprendizagem forçada... como se a vida tivesse dizendo: “agora cresça”. Não cresci. Pelo contrário, tive consciência da minha pequeninisse e vi mesmo o quanto preciso de um certo punhado de pessoas ao meu redor. Se reconhecer o quanto precisa de outros é crescer, sim... cresci!
Volto querendo encontrar cada uma dessas pessoas, para dizer para cada um o quanto é importante para mim. E agora, ao escrever aqui, sinto uma tranqüilidade... quase como um suspiro, um “ufa”. Estou voltando para casa e agora está muito claro que a minha casa é onde estão as pessoas que amo. É onde me sinto segura e protegida. Como, hoje, dou mais valor a essa casa. Ela não é física, não tem móveis. É só afeto.
Vou agora comer um sushi com Mário e Lucas, torcendo que o tempo passe e que eu chegue em casa.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Dia 09: do desespero de voltar.
Falta só um dia de aula. Só mais uma noite nesta cama. Ao invés de estar feliz, mais tranqüila, estou é mais ansiosa. É, realmente, desesperador! Hoje, tive dificuldade de prestar atenção na aula, depois de uma noite quase não dormida. A vontade é voltar agora. Fechar os olhos e abrir lá (mesmo que eu não saiba bem onde é esse “lá”).
Tinha pensado em dar uma volta, ir no Saara, ou pelo menos na Totem. Mas me falta disposição para tudo. Só penso em voltar. Até escrever aqui está difícil.
É que a dor da separação, apesar de ter sido vivida em doses homeopáticas, ainda dói. É! Por mais que estejamos certos do caminho que cada um deve seguir, dói. Estou me sentindo triste, pequena, feia... sinto que errei nas estratégias. Sinto que fracassei.
Hoje, não consigo ver nem os horizontes, que sei que são bonitos. A sensação é de desânimo mesmo. Não dá vontade de viver mais nada, porque, se no final vem toda essa dor, talvez, não compense.
Falei com minha mãe e ela percebeu que eu não estava bem. Pela primeira vez, passou a mão na minha cabeça. Disse que, se achasse melhor voltar, voltasse antes. Ainda olhei alguns vôos, mas decidi ficar.
Ficar porque o investimento seria alto demais. Ficar porque ainda há coisas a serem feitas por aqui. Ficar porque, racionalizando, mudar a volta de sábado para sexta não vai mudar muita coisa. Ficar porque, no fundo, sei o que é o melhor para mim.
Aí... para deixar tudo mais claro, termino a noite com bons exemplos de cuidado e falta de cuidado. Exemplos que só reafirmam que eu tenho que ficar e sinalizam para onde eu devo ir, quando voltar.
Tinha pensado em dar uma volta, ir no Saara, ou pelo menos na Totem. Mas me falta disposição para tudo. Só penso em voltar. Até escrever aqui está difícil.
É que a dor da separação, apesar de ter sido vivida em doses homeopáticas, ainda dói. É! Por mais que estejamos certos do caminho que cada um deve seguir, dói. Estou me sentindo triste, pequena, feia... sinto que errei nas estratégias. Sinto que fracassei.
Hoje, não consigo ver nem os horizontes, que sei que são bonitos. A sensação é de desânimo mesmo. Não dá vontade de viver mais nada, porque, se no final vem toda essa dor, talvez, não compense.
Falei com minha mãe e ela percebeu que eu não estava bem. Pela primeira vez, passou a mão na minha cabeça. Disse que, se achasse melhor voltar, voltasse antes. Ainda olhei alguns vôos, mas decidi ficar.
Ficar porque o investimento seria alto demais. Ficar porque ainda há coisas a serem feitas por aqui. Ficar porque, racionalizando, mudar a volta de sábado para sexta não vai mudar muita coisa. Ficar porque, no fundo, sei o que é o melhor para mim.
Aí... para deixar tudo mais claro, termino a noite com bons exemplos de cuidado e falta de cuidado. Exemplos que só reafirmam que eu tenho que ficar e sinalizam para onde eu devo ir, quando voltar.
Dias 07 e 08: do desejo de voltar.
Não há novidades, do ponto de vista dos estudos. A disciplina continua maravilhosa. Suely é o tipo de professora que quero ser. Dá uma dialogada, com muito bom humor e conteúdo. Não nos cansa e sempre acrescenta uma referência, que não está posta, em seus exemplos.
Mas começo a ficar impaciente para voltar e isso torna os dias mais longos e difíceis. Mas voltar para onde? As últimas conversas me asseguram que talvez não haja mais lar, não haja mais o antigo porto seguro, o antigo “melhor lugar do mundo”. Sinto as mudanças dentro de mim, que vem cheias de desejo de mudança, mas cheias de medo também.
No final, me dá vontade de mãe e de irmã. Deu vontade de escutar a minha mãe, resmungando a cada lágrima minha, me dizendo que a vida é assim, que é preciso ser forte e, dessa forma, não me deixando cair. Deu vontade de abraçar minha irmã, da forma como ela deixou eu abraçá-la, quando não estava bem. E fazer ela ficar dormindo na cama do meu lado, como fazíamos antes, pelo menos por uns dias.
Nesses dias, Narinha ligou e, no mesmo dia, falei com Xanda no Messenger. A preocupação delas de dizer que amigos não vai me faltar, que estão comigo... é de emocionar. Receber a notícias que Liu também vai estar em Recife, na Semana Santa também é outro conforto. Confortos necessários para tempos difíceis.
Difíceis sim, mesmo diante da certeza que isso é o melhor a ser feito. Sinto que vou ganhar algumas coisas, mas que estou perdendo outras tantas e ainda não consigo ver como vou estar no mundo depois dessas tempestades.
Eu me peço calma. Lembro de uma voz, imaginária e rouca, que no olho do furacão me dizia “tranqüilidade”. É o que estou buscando, sem esquecer de respirar e cuidando de mim. Mas quero mesmo é voltar e ainda tenho dois longos dias pela frente.
Mas começo a ficar impaciente para voltar e isso torna os dias mais longos e difíceis. Mas voltar para onde? As últimas conversas me asseguram que talvez não haja mais lar, não haja mais o antigo porto seguro, o antigo “melhor lugar do mundo”. Sinto as mudanças dentro de mim, que vem cheias de desejo de mudança, mas cheias de medo também.
No final, me dá vontade de mãe e de irmã. Deu vontade de escutar a minha mãe, resmungando a cada lágrima minha, me dizendo que a vida é assim, que é preciso ser forte e, dessa forma, não me deixando cair. Deu vontade de abraçar minha irmã, da forma como ela deixou eu abraçá-la, quando não estava bem. E fazer ela ficar dormindo na cama do meu lado, como fazíamos antes, pelo menos por uns dias.
Nesses dias, Narinha ligou e, no mesmo dia, falei com Xanda no Messenger. A preocupação delas de dizer que amigos não vai me faltar, que estão comigo... é de emocionar. Receber a notícias que Liu também vai estar em Recife, na Semana Santa também é outro conforto. Confortos necessários para tempos difíceis.
Difíceis sim, mesmo diante da certeza que isso é o melhor a ser feito. Sinto que vou ganhar algumas coisas, mas que estou perdendo outras tantas e ainda não consigo ver como vou estar no mundo depois dessas tempestades.
Eu me peço calma. Lembro de uma voz, imaginária e rouca, que no olho do furacão me dizia “tranqüilidade”. É o que estou buscando, sem esquecer de respirar e cuidando de mim. Mas quero mesmo é voltar e ainda tenho dois longos dias pela frente.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Dia 06: instigação!
Hoje, entendi exatamente porque estou aqui, porque escolhi a Fiocruz e, em especial o Instituto Fernandes Figueira. Começou a disciplina Saúde e Sociedade, ministrada por Suely Deslandes. E eu não tenho palavras para descrever nem a bibliografia proposta e nem a postura de Suely como professora.
Cheguei tão instigada que acabei concretizando a meta secreta de ontem: correr pelas ruas do Rio. É certo que o tempo de corrida foi bem menor do que o de caminhada, mas o fato é que rompi com a minha inércia.
Pronto! Agora é correr e ler, ler... quem sabe assim a semana passa voando e eu sinto menos saudade?!
Cheguei tão instigada que acabei concretizando a meta secreta de ontem: correr pelas ruas do Rio. É certo que o tempo de corrida foi bem menor do que o de caminhada, mas o fato é que rompi com a minha inércia.
Pronto! Agora é correr e ler, ler... quem sabe assim a semana passa voando e eu sinto menos saudade?!
domingo, 10 de abril de 2011
Amanhã!
Da dureza dos finais para a leveza dos começos. Da sutileza dos começos para a aridez dos finais. É melhor pensar que estou no meio. Amanhã começa a segunda semana de aula e angústia que sinto hoje é bem menor da que sentia no último domingo.
Sobre as aulas, sei que será bom. Sobre a semana, o desejo é que ela passe rápido. Não vejo a hora de estar de volta em Recife. Há muito o que fazer e eu começo a ter pressa.
Sobre mim, hoje foi um dia tranqüilo, de pensar pouco e descansar muito.
Hora de dormir para ver seu consigo cumprir minha meta secreta de amanhã. Se eu conseguir, amanhã mesmo divulgo. Mas, como ela é muito pretensiosa, não posso divulgar para não dar azar. Que seja uma noite bem dormida e que venha amanhã!
Sobre as aulas, sei que será bom. Sobre a semana, o desejo é que ela passe rápido. Não vejo a hora de estar de volta em Recife. Há muito o que fazer e eu começo a ter pressa.
Sobre mim, hoje foi um dia tranqüilo, de pensar pouco e descansar muito.
Hora de dormir para ver seu consigo cumprir minha meta secreta de amanhã. Se eu conseguir, amanhã mesmo divulgo. Mas, como ela é muito pretensiosa, não posso divulgar para não dar azar. Que seja uma noite bem dormida e que venha amanhã!
Sobre casamento
“O casamento tem a energia de um bonsai: uma árvore num vaso, com raízes cortadas e galhos podados. Veja bem, o bonsai pode viver séculos, e a sua beleza etérea é resultado dessa restrição, mas ninguém jamais confundiria o bonsai com a trepadeira que cresce em liberdade” (Elizabeth Gilbert, em Comprometida, p. 190).
A vontade é fechar o livro e abrir uma cerveja.
A vontade é fechar o livro e abrir uma cerveja.
sábado, 9 de abril de 2011
(...)
Deixo logo claro que a contagem é referente aos dias de aula. Serão 10 dias no total e estou exatamente na metade.
Hoje, não teve aula. Teve só o Rio de Janeiro, bons amigos e o bem que essas coisas me fazem. Poucas palavras aqui. Muitas palavras entre nós, intercaladas pelo silêncio, necessário para contemplar e sentir algumas paisagens.
À noite, casa de Mario e Lucas. Pizza, brigadeiro e mais um monte de boas energias. Tinha um show daqueles, mas hoje escolhi ficar aqui, comigo.
Dia 05: sobre as certezas.
Hoje foi um dia de certezas.
Acordei, certa.
Continuei, certa.
Tem dias que só confirmam o que nós queremos.
Recebi uma ligação, diretamente do almoço coletivo do IASC. Disseram que o almoço foi “natureba” e, por isso, lembraram de mim. Expliquei para Dani, que não há registro de vegetariano que morreu de câncer. Tentei convencê-la que, pelo menos, não comer carne vermelha e frango era um caminho. Mas não acho que surtiu efeito. Fiquei certa de que não preciso mais comer carne mesmo. E tenho que pensar sobre os frutos do mar.
Recebemos os trabalhos da disciplina que cursei nesta semana. Na verdade, dois dos três que realizamos. Foram dois “A”. Veio a certeza que, independente das tempestades, eu to aqui, fazendo a minha parte. Soube dos horários de duas das três disciplinas que precisarei cursar no segundo semestre. Primeira e segunda semana de agosto. Condensadas! Fiquei certa de que vou poder ficar em Recife e que vai dar para cursar.
Recebi uma ligação da minha irmã, outra da minha mãe. Fiz uma ligação para Lariquinha outra para Nelma (que está ótima!). Falei com a Pipoquinha e, quando perguntei o que ela queria de presente do Rio, ela disse: o que você quiser trazer. Fiquei certa de que, mesmo diante de tantas ausências minhas, tem pessoas importantes que ainda estão comigo. Fiquei certa de que não estou e nem estarei sozinha.
Para fechar o dia, cerveja com amigos, na Lapa. Sady, Marcela, Mário e muitas lembranças do tempo em que não havia temor e nem responsabilidade diferente da de construção de uma sociedade menos desigual. É bom compartilhar afeto e história. Foi um abraço forte, que durou a noite toda e deu a certeza de que cada tijolinho que colocamos nesta construção foi importante. Deu certeza também de que a construção continua e que a gente, de alguma forma, ainda está junto nisso.
Sim, como se não bastasse, hoje, escutei o meu coração e ele também me disse, nitidamente, o que eu precisava e que caminho eu deveria seguir. Fiquei certa de que os caminhos podem até ser dolorosos, mas os horizontes são bem bonitos.
Tantas certezas! E o melhor é sentir a leveza de poder duvidar disso tudo amanhã, já já... Mas, hoje, eu estou certa!
Acordei, certa.
Continuei, certa.
Tem dias que só confirmam o que nós queremos.
Recebi uma ligação, diretamente do almoço coletivo do IASC. Disseram que o almoço foi “natureba” e, por isso, lembraram de mim. Expliquei para Dani, que não há registro de vegetariano que morreu de câncer. Tentei convencê-la que, pelo menos, não comer carne vermelha e frango era um caminho. Mas não acho que surtiu efeito. Fiquei certa de que não preciso mais comer carne mesmo. E tenho que pensar sobre os frutos do mar.
Recebemos os trabalhos da disciplina que cursei nesta semana. Na verdade, dois dos três que realizamos. Foram dois “A”. Veio a certeza que, independente das tempestades, eu to aqui, fazendo a minha parte. Soube dos horários de duas das três disciplinas que precisarei cursar no segundo semestre. Primeira e segunda semana de agosto. Condensadas! Fiquei certa de que vou poder ficar em Recife e que vai dar para cursar.
Recebi uma ligação da minha irmã, outra da minha mãe. Fiz uma ligação para Lariquinha outra para Nelma (que está ótima!). Falei com a Pipoquinha e, quando perguntei o que ela queria de presente do Rio, ela disse: o que você quiser trazer. Fiquei certa de que, mesmo diante de tantas ausências minhas, tem pessoas importantes que ainda estão comigo. Fiquei certa de que não estou e nem estarei sozinha.
Para fechar o dia, cerveja com amigos, na Lapa. Sady, Marcela, Mário e muitas lembranças do tempo em que não havia temor e nem responsabilidade diferente da de construção de uma sociedade menos desigual. É bom compartilhar afeto e história. Foi um abraço forte, que durou a noite toda e deu a certeza de que cada tijolinho que colocamos nesta construção foi importante. Deu certeza também de que a construção continua e que a gente, de alguma forma, ainda está junto nisso.
Sim, como se não bastasse, hoje, escutei o meu coração e ele também me disse, nitidamente, o que eu precisava e que caminho eu deveria seguir. Fiquei certa de que os caminhos podem até ser dolorosos, mas os horizontes são bem bonitos.
Tantas certezas! E o melhor é sentir a leveza de poder duvidar disso tudo amanhã, já já... Mas, hoje, eu estou certa!
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Dia 04
Parece aquele mergulho no mar de águas cristalinas, quando sobe a areia e fica tudo meio turvo. Você espera um pouco e logo consegue ver o seu pé. É só esperar a areia assentar.
Agora, a sensação é de que as coisas estão se acalmando, dentro de mim e ao meu redor. A cada dia, tenho uma nova idéia e vivo um novo sentimento. E é gostoso perceber o quanto posso simplesmente sentir. Sentir sem pressa. Venho sentindo tudo e muito intensamente.
Senti prazer novamente em andar nas ruas e ver as pessoas daqui. Começo a achar o ambiente mais familiar e já não tenho medo de me perder. Hoje, até parei na frente do IFF e tirei uma foto da paisagem que contemplo todos os dias. Parece que está tudo em bossa nova, passando charmosamente na minha frente.
Recebi a primeira tarefa corrigida e tive a primeira conversa sobre produção de artigo com Romeu. Deu um frio na barriga, com medo de não dar conta de tantas coisas. Mas deu também muita vontade de fazer. Preciso também, efetivamente, assumir o compromisso de construir a tranqüilidade que precisarei ter daqui por diante, para dar conta de todas essas coisas.
Cheguei em casa, ainda com a luz do dia. Estou gostando disso! Tão diferente do que acontece, quando estou em Recife. Fiz algumas ligações para saber como foi o dia do pessoal que lá está. A segurança de saber que faço parte de uma equipe que está a postos, dando o maior duro e fazendo tudo com primazia é boa. Mas hoje deu uma vontade de estar lá, dividindo os pesos, que são enormes.
Saudade! Até do meu trabalho que é tão difícil.
Sentimentos bons e vontade de me sentir feliz!
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Dia 03 - porque escrever aqui é uma forma de eu me sentir menos sozinha...
Um pingo de sol, alguns sorrisos e um olhar diferente, a partir do qual tudo vira poesia. Um carioca, com um mp3, escutando funk nas alturas, aqueles táxis amarelinhos (Alá Manoel Carlos), aquela negritude meio dourada das cariocas da periferia, a pressa (muita pressa!), as flores em cada esquina... tudo hoje pareceu um pouco mais bonito.
Foi um dia de boas notícias. Fui contemplada com a bolsa de doutorado e isso quer dizer que conseguirei pagar as passagens, sem comprometer tanto meu orçamento. Essa era uma grande preocupação. Bendita CAPES que agora permite que os bolsistas possam ter vínculo empregatício. Bendito curso que é beneficiado por tantas bolsas!!!
Já as aulas foram mais pesadas. Tudo bem que meu orientador é um querido, mas escutá-lo de manhã e de tarde, quase que sem parar, já é demais. Escutar coisas que já tinha estudado também tornou a tarde bem mais monótona. E, quando assim está, parece que se abrem as portas para a saudade,par a vontade de Recife e de tudo que deixei por lá.
Fechei os olhos e quis aquele abraço imaginário, que vem acompanhado, mesmo com o coração apertado, de uma voz que me diz que o mais importante é que eu esteja bem. Veio aquela vontade de ser simplesmente ser envolvida por esse abraço... Fiquei pensando na vida e imaginando o que ela podia me oferecer, se eu conseguisse ter coragem. Coragem! Muita coisa misturada e sintetizada pela vontade de voltar a viver e ser feliz na vida.
Mas não há tempo para tantos pensamentos. Mais dois artigos, com a tarefa de comparação dos mesmos. Para amanhã! Pressão!
Foi um dia de boas notícias. Fui contemplada com a bolsa de doutorado e isso quer dizer que conseguirei pagar as passagens, sem comprometer tanto meu orçamento. Essa era uma grande preocupação. Bendita CAPES que agora permite que os bolsistas possam ter vínculo empregatício. Bendito curso que é beneficiado por tantas bolsas!!!
Já as aulas foram mais pesadas. Tudo bem que meu orientador é um querido, mas escutá-lo de manhã e de tarde, quase que sem parar, já é demais. Escutar coisas que já tinha estudado também tornou a tarde bem mais monótona. E, quando assim está, parece que se abrem as portas para a saudade,par a vontade de Recife e de tudo que deixei por lá.
Fechei os olhos e quis aquele abraço imaginário, que vem acompanhado, mesmo com o coração apertado, de uma voz que me diz que o mais importante é que eu esteja bem. Veio aquela vontade de ser simplesmente ser envolvida por esse abraço... Fiquei pensando na vida e imaginando o que ela podia me oferecer, se eu conseguisse ter coragem. Coragem! Muita coisa misturada e sintetizada pela vontade de voltar a viver e ser feliz na vida.
Mas não há tempo para tantos pensamentos. Mais dois artigos, com a tarefa de comparação dos mesmos. Para amanhã! Pressão!
terça-feira, 5 de abril de 2011
Dias 01 e 02
Dois dias de correria das boas. Das boas sim! Eu estava mesmo com saudade de ter que estudar, de discutir coisas, fora da minha lógica utilitária de “o que tenho que ler para fazer isso”.
Estou cursando uma disciplina eletiva para o doutorado e obrigatória para o mestrado, que se chama Pesquisa Qualitativa. Tem uns cinco alunos do doutorado e uns 15 de mestrado. Médicos, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas... interessante tantas misturas e, mais ainda, o caldo que isso dá.
O Instituto Fernandes Figueira (IFF) hoje é considerado um Instituto Nacional da Saúde da mulher, da criança e do adolescente e parece bem conceituado na FIOCRUZ. O prédio não é muito bonito. Nele, funciona uma hospital/maternidade. Você entra e sempre tem mães, esperando na recepção. Detalhe: ainda não vi nenhum pai (xiiiiii... lá vem a chatice feminista!). Se o prédio não tem nada demais, a paisagem da frente tem muito. O IFF é na praia do Flamengo, uma paisagem de cartão postal.
Ontem, pedi para o táxi me deixar um pouco depois do IFF. Queria poder caminha e olhar a paisagem, pelo menos um pouco. Foi só um pouco, mas deu para sentir uma energia boa e com a cabeça, por alguns segundos, tranqüila, deu também para abrir um sorriso – o primeiro desde que cheguei aqui. Sorri lembrando do quanto foi suado chegar aqui, mas sorri por estar aqui. Lembrei de coisas boas, de pessoas importantes e continuei rindo, até entrar no prédio.
Foi um dia de aulas, começando pele ex-ministro da saúde e terminando pelo meu orientador, que por sinal é um querido. Voltei para casa cheia de coisas para ler, mas o turbilhão de coisas que estão acontecendo na minha vida não permitiu que eu fizesse com a qualidade que esperava. Dormi triste, com um pouco de culpa, mas acordei decidida a correr atrás do tempo perdido. E corri!
Não só corri como decidi que não vou deixar que nada estrague esses dias aqui. Esperei dois anos! Esperei que Gabi crescesse para que Lucas pudesse vim comigo. Achei que tinha que pensar mais no “nós” porque o doutorado e o apoio a ele surgiria como uma necessidade da nossa relação. Esperei dolorosamente, vendo pessoas passarem na frente, vendo espaço que podiam ser meus sendo preenchidos. Esperei, mas agora não vou mais esperar.
Lucas não veio comigo. O doutorado não reflete mais um nós. Estou aqui sozinha e a “presença” dele até agora não foi de apoio. Sou eu, comigo e as energias de um punhado de pessoas que disseram “vá... é importante”. Mas vou ficar bem. Eu sei que vou.
Hoje, cheguei em casa mais cedo, com o coração mais protegido contra turbulências. Comprei pão, requeijão Danúbio, queijo minas, morango e uva sem caroço! Subi minha ladeira da misericórdia diária (o prédio que estou é no alto de uma rua), tomei um banho e estou aqui.
Quis escrever, porque um dia quero poder ler isso tudo. Mas tenho que correr: um trabalho para terminar e três artigos para ler.
Estou cursando uma disciplina eletiva para o doutorado e obrigatória para o mestrado, que se chama Pesquisa Qualitativa. Tem uns cinco alunos do doutorado e uns 15 de mestrado. Médicos, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas... interessante tantas misturas e, mais ainda, o caldo que isso dá.
O Instituto Fernandes Figueira (IFF) hoje é considerado um Instituto Nacional da Saúde da mulher, da criança e do adolescente e parece bem conceituado na FIOCRUZ. O prédio não é muito bonito. Nele, funciona uma hospital/maternidade. Você entra e sempre tem mães, esperando na recepção. Detalhe: ainda não vi nenhum pai (xiiiiii... lá vem a chatice feminista!). Se o prédio não tem nada demais, a paisagem da frente tem muito. O IFF é na praia do Flamengo, uma paisagem de cartão postal.
Ontem, pedi para o táxi me deixar um pouco depois do IFF. Queria poder caminha e olhar a paisagem, pelo menos um pouco. Foi só um pouco, mas deu para sentir uma energia boa e com a cabeça, por alguns segundos, tranqüila, deu também para abrir um sorriso – o primeiro desde que cheguei aqui. Sorri lembrando do quanto foi suado chegar aqui, mas sorri por estar aqui. Lembrei de coisas boas, de pessoas importantes e continuei rindo, até entrar no prédio.
Foi um dia de aulas, começando pele ex-ministro da saúde e terminando pelo meu orientador, que por sinal é um querido. Voltei para casa cheia de coisas para ler, mas o turbilhão de coisas que estão acontecendo na minha vida não permitiu que eu fizesse com a qualidade que esperava. Dormi triste, com um pouco de culpa, mas acordei decidida a correr atrás do tempo perdido. E corri!
Não só corri como decidi que não vou deixar que nada estrague esses dias aqui. Esperei dois anos! Esperei que Gabi crescesse para que Lucas pudesse vim comigo. Achei que tinha que pensar mais no “nós” porque o doutorado e o apoio a ele surgiria como uma necessidade da nossa relação. Esperei dolorosamente, vendo pessoas passarem na frente, vendo espaço que podiam ser meus sendo preenchidos. Esperei, mas agora não vou mais esperar.
Lucas não veio comigo. O doutorado não reflete mais um nós. Estou aqui sozinha e a “presença” dele até agora não foi de apoio. Sou eu, comigo e as energias de um punhado de pessoas que disseram “vá... é importante”. Mas vou ficar bem. Eu sei que vou.
Hoje, cheguei em casa mais cedo, com o coração mais protegido contra turbulências. Comprei pão, requeijão Danúbio, queijo minas, morango e uva sem caroço! Subi minha ladeira da misericórdia diária (o prédio que estou é no alto de uma rua), tomei um banho e estou aqui.
Quis escrever, porque um dia quero poder ler isso tudo. Mas tenho que correr: um trabalho para terminar e três artigos para ler.
domingo, 3 de abril de 2011
Dia 00
Hoje foi dia de sentir o coração acelerado e frio na barriga. Vontade de chorar e de desistir. Acho até que, se alguém tivesse me apoiado nesta idéia, teria feito. Teria ficado. Mas vim! Vim porque preciso ser minimamente fiel aos meus sonhos. Vim porque aqui estão flores que eu plantei com muito suor. Acho que vim também porque lembrei o quanto este lugar me faz bem e vim atrás do bem que ele me faz.
Vi o mundo de cima e, mais uma vez, tive vontade de pegar as nuvens. Tentei não deixar nenhum pensamento estacionar na cabeça e me angustiar. Fui pensando em várias coisas, visitando muitas angústias, alegrias e momentos de plenitudes. Quis abrir o computador e escrever sobre isso, na hora. Mas tive medo de transformar aquilo tudo em planos ou regras. Dessa vez, preferi sentir.
Cheguei no Rio e comigo a chuva. Era preciso mesmo que algo acontecesse para eu ter a certeza que fiz o certo e que tudo ia ficar bem. Ao invés de buscar colos, nos tantos amigos, resolvi descansar, deitar e procurar acalmar o meu corpo e o meu coração. Um coração apertado, confuso, cheio de saudades de tantas coisas vividas e de tantas outras que ainda estão aí... para viver. Para vivermos. E aqui estou, depois de umas horinhas de cochilo, no “meu quarto”, escrevendo, olhando pela janela, tentando introjetar e escutar os sons do silêncio e tentando encontrar a tranqüilidade deste silêncio dentro de mim (Essa foto foi tirada da minha janela... um refúgio da natureza na zona sul, em Humaitá).
Amanhã é o dia 01. Aula inaugural com ministro da saúde pela manhã e primeiro dia da disciplina Pesquisa Qualitativa, ministrada pelo meu orientador, à tarde. Vai ser um dia importante.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Morrendo de medo!
Eu esperei tanto; acho que anos. Nos últimos meses, depois de uma seleção de seis etapas, a espera se tornou ainda mais torturante. E eis que chegou a hora. Daqui há exatamente uma semana, estarei no Rio, para o meu primeiro dia de aula do doutorado, no Programa que sempre quis, com o orientador que sempre quis.
O entusiasmo é enorme, mas estou é preocupada. Não estava nos planos ir para o Rio no meio deste turbilhão de sentimentos. Não estava previsto deixar Nelma num Hospital, minha irmã meio quase e meu casamento em frangalhos. Não estava previsto que essa ida para o Rio marcaria tantos finais e começos. Nada previsto! Eu só tinha pensado em passar duas semanas estudando, conciliando com algumas ligações de trabalho. Eu só queria investir nisso e estou é morrendo de medo que todas essas coisas que sinto-vivo comprometam este investimento.
O entusiasmo é enorme, mas estou é preocupada. Não estava nos planos ir para o Rio no meio deste turbilhão de sentimentos. Não estava previsto deixar Nelma num Hospital, minha irmã meio quase e meu casamento em frangalhos. Não estava previsto que essa ida para o Rio marcaria tantos finais e começos. Nada previsto! Eu só tinha pensado em passar duas semanas estudando, conciliando com algumas ligações de trabalho. Eu só queria investir nisso e estou é morrendo de medo que todas essas coisas que sinto-vivo comprometam este investimento.
sábado, 26 de março de 2011
Caio Fernando Abreu
"Tudo isso me perturbava porque eu pensara até então que, de certa forma, toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém. Até então aceitara todas as ausências e dizia muitas vezes para os outros que me sentia um pouco como um álbum de retratos. Carregava centenas de fotografias amarelecidas em páginas que folheava detidamente durante a insônia e dentro dos ônibus olhando pelas janelas e nos elevadores de edifícios altos e em todos os lugares onde de repente ficava sozinho comigo mesmo. Virava as páginas lentamente, há muito tempo antes, e não me surpreendia nem me atemorizava pensar que muito tempo depois estaria da mesma forma de mãos dadas com um outro eu amortecido — da mesma forma — revendo antigas fotografias. Mas o que me doía, agora, era um passado próximo".
Revolta!
Acordei, li umas coisas e me revoltei com o uso que se faz de Clarice Lispector, na internet. A revolta foi tamanha que resolvi tirá-la do blog. Não quero me confudir. Tive o cuidado de ler toda obra dela. Na verdade, esse foi um dos poucos ganhos que um ex-namorado de muito tempo me deixou. Todo mês, ele me dava um livro dela e eu lia com todo o pique de quem já ia ter outro livro para ler, no mês seguinte. Talvez por isso eu leia algumas coisas e tenha a exata certeza de que não foi ela que escreveu. Sem contar que tem um monte de gente que diz que adora clarice, sem nunca ter lido um livro. Pronto! Chega de frases de efeito e leituras superficiais.
sexta-feira, 25 de março de 2011
Feliz!
Escrever no e um blog tem mesmo muitas vantagens. A maior delas é, sem dúvida, saber que as relações pendulares não só entre você e os outros. É também de você com você. O dia de ontem veio sorrindo e apenas um encontro fez com que toda sensação de tristeza desaparecesse.
O encontro foi com Seu Mário (nome fictício, claro!). Ele estava sentando numa kombi, no estacionamento do meu trabalho. Fazia quase um ano que eu não o via e a lembrança que tinha do nosso último encontro não era nada alegre. Seu Mário é o que se nomeia como “alcoolista crônico” – uma forma de dizer que ele sempre bebeu e vai continuar bebendo muito e para sempre. Quando o atendi, tinha 57 anos, embora parecesse estar perto dos 70. No ano passado, acolhemos ele na Casa do Meio do Caminho (Albergue terapêutico, voltado para usuários de álcool e drogas), do qual eu era gerente.
Seu Mário estava na rua, bebendo e dormindo num carro abandonado. Foi para rua depois de chamar a mulher que lhe dava um teto para dormir de “gostosinha”. O melhor dessa história é que, olhando para ele, no estado debilitado que estava, você jamais imagina que ele teria forças pra fazer isso. Mas fez!
Quando chegou no Albergue, ao parar de beber, começaram a aparecer vários problemas clínicos, como é de praxe nestes casos. Tudo para Seu Mário era difícil, porque ele não tinha referência familiar alguma. Lembro do dia que ele teve uma suspeita de AVC. Levei-o para o Hospital Getúlio Vargas e, como não tinha ninguém que o acompanhasse, acabei dormindo lá, sentada ao lado dele. Fiz (e fizemos!) de tudo. Quando sai do Albergue para vim para o IASC ele ainda estava lá – extrapolou todos os prazos de permanência, diante da sua condição clínica.
Ontem, quando o vi, sentado naquela Kombi, parei imediatamente e o abordei: “Seu Mário! Lembra de mim?”. Ele olhou com uma cara de “não lembro”. Quando falei, “do Albergue”. Na hora ele disse “Dona Edna”! Claro que enchi meus os d’agua, principalmente, quando ele me contou que estava numa casa de acolhida do IASC e que naquele momento estava indo buscar a sua identidade.
Seu Mário agora tem identidade! Estava limpo, com cara de saudável e, o mais importante, feliz! Dei um abraço apertado nele e falei da felicidade de tê-lo encontrado naquela situação. Tentei estimular e falar do quanto era importante que ele estivesse bem.
Subi o elevador com a certeza de estou no lugar certo e que o que fazemos é, de fato, relevante. Feliz por isso e feliz por saber que o meu lugar no mundo é esse. Muito feliz!
O encontro foi com Seu Mário (nome fictício, claro!). Ele estava sentando numa kombi, no estacionamento do meu trabalho. Fazia quase um ano que eu não o via e a lembrança que tinha do nosso último encontro não era nada alegre. Seu Mário é o que se nomeia como “alcoolista crônico” – uma forma de dizer que ele sempre bebeu e vai continuar bebendo muito e para sempre. Quando o atendi, tinha 57 anos, embora parecesse estar perto dos 70. No ano passado, acolhemos ele na Casa do Meio do Caminho (Albergue terapêutico, voltado para usuários de álcool e drogas), do qual eu era gerente.
Seu Mário estava na rua, bebendo e dormindo num carro abandonado. Foi para rua depois de chamar a mulher que lhe dava um teto para dormir de “gostosinha”. O melhor dessa história é que, olhando para ele, no estado debilitado que estava, você jamais imagina que ele teria forças pra fazer isso. Mas fez!
Quando chegou no Albergue, ao parar de beber, começaram a aparecer vários problemas clínicos, como é de praxe nestes casos. Tudo para Seu Mário era difícil, porque ele não tinha referência familiar alguma. Lembro do dia que ele teve uma suspeita de AVC. Levei-o para o Hospital Getúlio Vargas e, como não tinha ninguém que o acompanhasse, acabei dormindo lá, sentada ao lado dele. Fiz (e fizemos!) de tudo. Quando sai do Albergue para vim para o IASC ele ainda estava lá – extrapolou todos os prazos de permanência, diante da sua condição clínica.
Ontem, quando o vi, sentado naquela Kombi, parei imediatamente e o abordei: “Seu Mário! Lembra de mim?”. Ele olhou com uma cara de “não lembro”. Quando falei, “do Albergue”. Na hora ele disse “Dona Edna”! Claro que enchi meus os d’agua, principalmente, quando ele me contou que estava numa casa de acolhida do IASC e que naquele momento estava indo buscar a sua identidade.
Seu Mário agora tem identidade! Estava limpo, com cara de saudável e, o mais importante, feliz! Dei um abraço apertado nele e falei da felicidade de tê-lo encontrado naquela situação. Tentei estimular e falar do quanto era importante que ele estivesse bem.
Subi o elevador com a certeza de estou no lugar certo e que o que fazemos é, de fato, relevante. Feliz por isso e feliz por saber que o meu lugar no mundo é esse. Muito feliz!
quarta-feira, 23 de março de 2011
Triste?
Triste! É difícil olhar em volta e ser tomada por tanta descrença. É como se o mundo não me surpreendesse mais. As pessoas são marcadas por uma previsibilidade tão grande que chega dá agonia; ou melhor, dá preguiça. Falta disposição para investir e acreditar nas surpresas. A vontade é dormir ou, como já não consigo fazer isso, sumir. Queria que hoje fosse 31 de dezembro: desejo de reveillon e de novos começos. Mas, se não dá, pelo menos espero que esses próximos 15 dias passem logo.
segunda-feira, 21 de março de 2011
O amor é assim...
Mesmo que, no momento, seja evidente que ele precisará trocar de roupa; mesmo que já não haja mais fogo; mesmo que haja dor. É cuidado, é carinho. É compartilhar o peso e construir o norte, ou os nortes. Tem dias que fico encantada com as potencialidades do amor e feliz por já tê-lo vivido em sua plenitude.
sábado, 19 de março de 2011
Um grito de silêncio*
Às vezes, eu queria ser mais ingênua. Sentir menos aquelas coisas que não precisam ser ditas. Mas “Mãe Edná” insiste em se fazer presente. E eu sinto, simplesmente sinto. Nem quero que o não-dito se torne dito. Hoje, só quero e só preciso mesmo olhar a lua, sossegar o meu coração e introjetar a compreensão de que o que vem "pós-tsunami" nem sempre é melhor do que havia antes.
*tem dias que escrever é a única forma de não explodir.
*tem dias que escrever é a única forma de não explodir.
Arrependimento
Há quem diga que não se arrepende de nada, porque o se arrepender é entendido como se chicotear e sofrer muito por algo que já fez. Eu me arrependo sim!
Estou arrependida por ter corrido demais e, ao correr, por não ter escutado quem me dizia para eu ir devagar. Assim também me arrependo por ter sido tão autoritária, achando que estava sempre certa e, mais uma vez, por não conseguir escutar. Eu me arrependo por toda rigidez, que resultou do meu medo exagerado de me arrepender.
Hoje, me arrependo mesmo! Agora me arrependo sem necessariamente me chicotear. Eu me arrependo, olhando para frente e construindo cada novo passo. E digo mais: caminho sem o terror de não poder me arrepender.
Estou arrependida por ter corrido demais e, ao correr, por não ter escutado quem me dizia para eu ir devagar. Assim também me arrependo por ter sido tão autoritária, achando que estava sempre certa e, mais uma vez, por não conseguir escutar. Eu me arrependo por toda rigidez, que resultou do meu medo exagerado de me arrepender.
Hoje, me arrependo mesmo! Agora me arrependo sem necessariamente me chicotear. Eu me arrependo, olhando para frente e construindo cada novo passo. E digo mais: caminho sem o terror de não poder me arrepender.
sexta-feira, 18 de março de 2011
Tsunami no Japão, em mim e em você.
Coisa esquisita essa história de tsunami! Chega e sai levando tudo. As imagens mostram carros e casas, que parecem brinquedos pequenos, perdidos em uma imensidão. Que ironia! A cada minuto, a TV nos mostra o quanto somos pequenos e o quanto não sabemos, ao certo, a dimensão das coisas, antes delas estarem diante dos nossos olhos, tocando a nossa pele. E os olhos puxados? Tá provado que eles podem ficar ainda mais puxados e, para completar, inchados. Quase como um favor, que obstaculiza o movimento de ver e, por conseguinte, sentir tanta dor. Da geografia das pessoas para a psicologia das coisas, na intensidade dos quereres/fazeres, que, quando se toca, são sempre mais intensos do que se espera.
quarta-feira, 9 de março de 2011
Carnaval
Receber gente em casa tem disso. Foi um carnaval daqueles. Quase como os que vive, quando tinha uns 10 anos a menos. Quatro dias de Olinda, numa alegria só. Amigos, cerveja, boas risadas, boa música... e ainda três noites de folia, duas no Recife Antigo e uma, descentralizando, no Pólo Várzea. Tinha hora que eu simplesmente fechava os olhos e tentava receber as boas energias, vindas de tanta gente que compartilhava as alegrias daqueles momentos. Parecia que eu estava me preparando mesmo para os dias que virão, que já está certo que não serão fáceis.
quarta-feira, 2 de março de 2011
O meu lugar no mundo
Está cada dia mais claro para mim qual é o meu lugar no mundo. Se eu respirar e apenas procurar perceber os movimentos, o que vem até mim, constato facilmente. O meu lugar é do lado das pessoas que sofrem, muitas vezes, sofrendo para que elas sofram menos. E o sofrimento deve ser aqui entendido em suas distintas dimensões e complexidades. É o sofrimento de quem perdeu alguém querido ou de quem está se sentindo perdido na vida; é o sofrimento de quem deixou de acreditar nas pessoas ou de quem insiste em ser pessoa, mesmo diante de tantas adversidades. É o sofrimento daqueles que tiveram seus direitos violados, de tantas formas. É o sofrimento de quem tenta voltar para o eixo, para o seu próprio eixo. Constatei que o meu lugar era esse após a análise de alguns anos e dos últimos eventos da minha vida. E acho que tem e não tem a ver com ser psicóloga. Talvez ser psicóloga seja uma decorrência; escolher trabalhar com psicologia social, seja outra! Tenha uma amiga que diz que é porque eu sei cuidar. Duvido que exista esse “saber cuidar”. Mas é certo que venho dando um pouco de mim para essas pessoas. E, quando você se dá, parece mesmo que se multiplica, se fortalece. Quando as pessoas são próximas demais, tudo se torna mais difícil. Teve uma pessoa que, além de reconhecer esse meu lugar, me disse que eu tinha que me preparar emocionalmente para ele. Mas como fazer isso? Ainda não sei. Mas sei que é necessário. Porque tem hora que os pesos dos outros se juntam aos seus e a sensação é a mesma que está de pé, afundando.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Eu comigo mesma.
Tenha paciência, Dona Edna. Será que é tão difícil lembrar que tudo tem o seu tempo? E que este ser inanimado “tempo” acaba mesmo dizendo para onde o barco deve ir?! Isso mesmo. Não adianta apertar mais o coração que já está apertado. E nem sofrer o sofrimento que ainda está por vir. Ele virá?! Talvez, não. E, se vier, você já sabe bem o que vem depois do sofrer. Mas também não adianta entrar naquela de prevê, porque, como boa “planejadora”, você também sabe que para essas coisas não há plano certo. Respira! Lembra como o respirar ajuda? Respire e sinta o seu coração desacelerar. Pode também ler aqueles livros mais bobinhos, que não pesam tanto o pensar. E conversa com seu deus. Aquela entidade esquisita, que em alguns dias você duvida que ela existe, mas em outros tem certeza que ela está pegando na sua mão. E tenha uma certeza: tudo tem a hora certa de passar. Pronto!
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
É tempo...
É tempo de aprender com os aprendizados alheios; que deixam de ser alheios, quando se tornam nossos. É tempo de ser mais forte, ao vislumbrar e se impressionar com a fortaleza do outro; que também deixa de ser do outro para ser nossa. É o tempo da descoberta: de se descobrir no outro e de descobrir o outro em você. Tudo separado e tudo misturado, na mesma intensidade. É tempo de não tentar mais diferir, porque já não há mais como negar a delícia de fundir, unir.
Capítulo 7: ele.
No primeiro gole de cerveja, quase como um pretexto, ele vinha à cabeça. Sempre ele, não outro. Sempre da mesma forma, doce e ardente, cheio de ternura e desejo. Flora disfarçava, falava sobre outras coisas, tentava tirá-lo do pensamento, mas nunca conseguia. Estranho, porque Flora nunca foi “dessas” obsessivas ou apaixonadas desmedidas. Sem contar que já fazia um tempo que seu coração vivia no conforto de águas mornas e calmarias.
Para assumir a intensidade deste desejo ela precisaria se mudar e mudar. Porque por mais que ele morasse em um país próximo, era um outro país: uma nova cultura, novos amigos, novas leituras... uma nova vida. E por mais que há tempos desejasse uma mudança, ela não tinha certeza se era essa a hora da mudança; também não sabia se suportaria tantas mudanças.
Flora já tinha vivido o suficiente para saber que toda vez que atrelava as mudanças que queria fazer na vida a alguém não dava certo. Ninguém consegue mesmo suportar o peso-responsabilidade de mudar a vida de uma pessoa, de mudar a vida dela. Logo a dela, uma mulher aparentemente forte. E, por mais que ela soubesse que ele não era “o” motivo, ele era sim O motivo: o mais evidente, o que fazia ela pulsar e querer romper, ser e fazer diferente.
Maldito terapeuta que um dia a convenceu que não deveria tomar atitudes precipitadas! Maldito, principalmente, porque esqueceu de ensiná-la a reconhecer quando algo era mesmo precipitado ou não. Maldita filha que fazia sempre ela ter que ser consequente. Maldita história que a jogou num horizonte tão enclausurante quanto é enclausurado pelas suas próprias expectativas. Mais uma vez, maldito terapeuta (sempre o terapeuta!) que lhe disse que o mecanismo de defesa das pessoas inteligentes era a racionalização. Maldita Flora, que se julgava tão inteligente. A vontade dela era gritar, se libertar. E ela, simplesmente, saiu para trabalhar.
Para assumir a intensidade deste desejo ela precisaria se mudar e mudar. Porque por mais que ele morasse em um país próximo, era um outro país: uma nova cultura, novos amigos, novas leituras... uma nova vida. E por mais que há tempos desejasse uma mudança, ela não tinha certeza se era essa a hora da mudança; também não sabia se suportaria tantas mudanças.
Flora já tinha vivido o suficiente para saber que toda vez que atrelava as mudanças que queria fazer na vida a alguém não dava certo. Ninguém consegue mesmo suportar o peso-responsabilidade de mudar a vida de uma pessoa, de mudar a vida dela. Logo a dela, uma mulher aparentemente forte. E, por mais que ela soubesse que ele não era “o” motivo, ele era sim O motivo: o mais evidente, o que fazia ela pulsar e querer romper, ser e fazer diferente.
Maldito terapeuta que um dia a convenceu que não deveria tomar atitudes precipitadas! Maldito, principalmente, porque esqueceu de ensiná-la a reconhecer quando algo era mesmo precipitado ou não. Maldita filha que fazia sempre ela ter que ser consequente. Maldita história que a jogou num horizonte tão enclausurante quanto é enclausurado pelas suas próprias expectativas. Mais uma vez, maldito terapeuta (sempre o terapeuta!) que lhe disse que o mecanismo de defesa das pessoas inteligentes era a racionalização. Maldita Flora, que se julgava tão inteligente. A vontade dela era gritar, se libertar. E ela, simplesmente, saiu para trabalhar.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Mais uma receitazinha!
Para fechar o dia de empolgação culinária, veio a idéia de tentar fazer um creme de cebola. Uma prima disse que era "bom para emagrecer". Mas até agora eu só conhecia a versão com batata. Emagrecer?! Como?!
Aí encontrei uma recita diferente, fiz umas adaptações e ficou uma delicinha. Nem sei se tão light, mas bem saudável. É isso que importa! Acho que estou mesmo é com saudade de comida de casa, depois de passar a semana comendo "na rua".
Como foi uma adaptação, as medidas são meio incertas, mas dá para fazer novamente.
Ingredientes
02 cebolas médias
Perto de 500ml de leite desnatado
03 raspas de margarina becel
01 colher de chá de sal
Queijo ralado para povilhar
01 colher de sopa rasa de maisena
Derrete a margarina e acrescenta as cebolas, cortadas em rodelas finas. Deixa no fogo até você sentir que ela está douradinha e molinha. É mais ou menos uns 10 minutos. Acrescenta o sal, o leite e a colher de maisena, após diluir num pouquinho de água. Deixa ferver, mexendo vez por outra. O leite vai dar uma engrossadinha, por causa da maisena. Vai mexendo até sentir que a cebola está dissolvendo. Pronto! Coloca num prato fundo ou numa caneca e acrescenta queijo ralado por cima, já na hora de servir. O Amarelo aprovou! Disse que a cebola poderia ser ralada. Mas eu gostei de sentir as rodelinhas. Fica a critério de quem for degustar!
Minha ilustradora!
Ela perguntou o que eu estava escrevendo e gostou de ler. Perguntei para ela se queria ilustrar as minhas histórias e ela adorou a proposta! Está aí! A ilustradora mais linda que eu podia ter. E ela ja começou a fazer as dos capítulos passados. Uma alegria! Dá mais vontade ainda de escrever!
Panqueca light
Hoje foi dia de ficar em casa, fazendo coisinhas para mim, para casa e para o marido. E é claro que isso rendeu numa receitazinha, daquelas fáceis de fazer (até porque, se elaborar demais, eu não consigo!).
Então, compartilho aqui para quem quiser se arriscar na cozinha!
Panqueca Light
Ingredientes
01 xícara de leite desnatado
03 ovos
01 xícara de trigo
01 colher de chá (cheia) de sal
Pinguinhos de azeite para assar
Para rechear, pode ser o que você quiser, mas, para ficar mais leve, usei queijo minas.
Molho de tomate
Molho branco
Champignon fatiados
Preparo
Bate o leite, os ovos, o trigo e o sal no liquidificador. Para assar, esquenta a frigideira (de preferência daquelas de teflon, com fundo reto), coloca uma gotinha de azeite, balança a frigideira para o azeite se espalhar e coloca a massa, com uma concha ou colher grande. A quantidade é bem pequena para a panqueca ficar bem fininha e levinha. Quando você sentir que dá para virar, vira para os dois lados ficarem douradinhos. Parece complicado, mas não é! Talvez você quebre algumas... normal! Dica: quanto menor a frigideira mais fácil. A panqueca ainda fica menorzinha e mais delicada. Depois de todas estarem prontas, comece a colocar o recheio. Você vai ver que “cabe” bem pouquinho. É por isso que panqueca é algo que você pode fazer com as coisas que sobram na geladeira! Coloca o queijo e uma colherzinha pequena de molho de tomate. Eu tinha um molhinho mais incrementado de tomate cereja com parmesão, da Casino Délices. Mas, para economizar, só coloquei ele por dentro - só uma colher de chá junto ao queijo, em cada panqueca.
Depois que todas estiverem devidamente recheadas, você coloca numa pirex e dá uma lambuzada com molho de tomate. Eu coloquei um pinguinho de molho branco por cima, só para dar um charme. Leva ao forno, para derreter o queijo. E, quando tirar, enquanto coloca a mesa, espalha uns champignons fatiados. Prontinho!
Tempo de preparo: 40 minutos (acho que é porque foi a primeira vez... na próxima, deve ser mais rápido).
Rendimento: 10 panquecas pequenas.
Para acompanhar, uma saladinha simples: dois tipos de alface, tomate e cebola. Gotinhas de azeite, um pouco de sal e um molhinho de mostarda bem simples (uma colher de requeijão light, mostarda e um pouco de noz moscada).
E para terminar... uma rodelinha de abacaxi bem docinho de sobremesa! Uma beleza!!!
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Calcinhas e sutiãs!*
Lembro do dia em que comecei um namoro, pela última vez. Minha mãe (a matuta mais moderna que conheço), me chamou logo atenção: “minha filha, você tem que se preocupar mais com suas lingeries”. Realmente, me preocupava muito pouco! Solteira há muito tempo e sem grandes intenções de ter alguém por uma noite, confesso que a minha vaidade não era grande o suficiente para gastar o meu suado e pouco dinheirozinho comprando calcinha e sutiã. Sem falar no tempo!
Na ocasião de início de namoro, foi mainha quem comprou! Acreditem! Só que a receptividade foi tão boa que me empolguei. Vez por outra comprava um conjuntozinho e dava uma caprichada no visual.
O tempo foi passando e claro que, com tantos compromissos, essas coisas foram deixadas para trás. Há mais ou menos um ano atrás, já casada com aquele que foi o meu último namorado (isso que dizer que a estratégia de dar uma caprichada, entre outras, deve ter funcionado!), e, dessa vez, sem precisar da “intervenção materna”, acabei me dando conta de que chegava a um momento complicado (e descuidado!) novamente. Foi quando decidi que iria comprar todo mês um conjunto de calcinha e sutiã, para, aos poucos, ir renovando o “guarda-roupa”. Fiz isso por uns dois meses! O efeito foi bom, mas... mais uma vez, seja pela falta de tempo, de paciência ou de vaidade mesmo, parei.
Nessa semana que passou, novamente me dei conta de que a situação também já não era boa! Aí conversei com uma amiga (que, por questões éticas, jamais revelarei o nome!) que disse que também sofria desse mesmo mal. Falou ainda que o próprio marido já tinha dado esse toque a ela. Vimos que a situação era grave e podia ser perigosa. O próprio marido dando o toque? Nossa!
Fiquei imaginando Lucas me dizendo isso. Ou pensando, sem querer me dizer! Saí correndo e a vontade de dar uma renovada se transformou em prática. Pronto! Como trabalho no centro, dei uma paradinha no famoso “vuco-vuco”, fiz uma rápida seleção e o resultado está aí.
Agora vamos só ver se não vou precisar de outra situação extrema ou de toques constrangedores para fazer isso novamente. A meta volta a ser pelo menos um conjunto por mês! E o bom é que, ao fazer isso, você percebe que isso é importante não só para o parceiro. Está no hall das coisas bobas que fazem você se sentir bem.
*Esse post tem a função social de contribuir para que minhas amigas que vivem relacionamentos estáveis e duradouros não descuidem de algo que, junto a um monte de outras coisas, pode ser tão importante! As calcinhas e sutiãs da foto foram comprados na Globo Malhas, na Rua das Calçadas. Parecem ser de excelente qualidade e o preço foi uma beleza. Sem falar que ainda tem 20% de desconto, se a compra for à vista. Não há mais desculpas!!!
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Um sonho de mãe. Uma mãe nos sonhos!
Foi tão vivo que deu medo. O parto foi uma beleza. Ela saiu quase que num espirro e, para minha surpresa, era “ela”. Detalhe: só soube que era ela neste momento. E, por mais que o desejo tenha sempre sido de um “ele”, não houve tristeza. Olhei para o meu lado e vi o homem que eu escolhi, suando, chorando e sorrindo. Olhei para a pediatra-amiga e ela me disse: tudo bem! Eu “deixo” que seja Maria! Fui em direção ao quarto, amparada pelo Amarelo, mas caminhando – afinal, o parto foi quase um espirro! E lá me encontrei com as 10 pessoas que eu precisava. Eram 10, apertadas num quarto. E foram 10 abraços. Sorri , sentindo a felicidade tranqüila de ter aquelas pessoas comigo. Acordei sorrindo por saber que também “sei” sonhar com essas coisas. Embora não esteja nos planos de agora, o terror que tenho de ser mãe (de colocar alguém no mundo, educar e de ser referência para alguém) parece, pelo menos no sonho, ter se transformado, diante do sentimento de não estar sozinha.
Capítulo 6: Pobre Lili!
Fora o beijo no rosto da mãe, ao entrar e sair de casa, Lili era pouco afetuosa. Parecia que existia uma mão gigante dentro dela, que apertava seu coração até o sangue escorrer por entre os dedos. Como se fosse uma caçamba de gelo, gelando cada pedacinho de suas feridas. Feridas que ela já não conseguia mais ver ou sentir. O gelo fazia da dor uma inexplicável dormência. E, embora incomodasse, Lili parecia confortável assim.
O apelido Lili foi dado por seu pai. Um homem que foi exemplo em poucas coisas na vida, diferentes de ser pai. Era daqueles que fazia questão de trocar fraldas, colocar para dormir, ir ao primeiro dia de aula no Colégio; queria participar de tudo! Mesmo quando já estava separado de Flora, jamais perdeu um momento importante da vida de sua filha. E Lili tinha um amor por ele que cegava. Não conseguia ver um defeito sequer e isso, em alguns momentos, chegou a lhe distanciar da própria mãe.
A perda do pai era algo sentido cotidianamente. E aí não havia gelo que amenizasse a dor. Lili nem falava no nome do seu pai, mas curiosamente se apaixonou duas vezes por um Antônio. Será que era uma tentativa de encontrar em alguém do mesmo nome um acalanto para tanta saudade? Nem eu, nem você... ninguém jamais saberá. Afinal, além do gelo, havia também correntes em volta dela, que a isolava do mundo, que a impedia de falar sobre o vivido e sentido.
Lili era a melhor mistura possível de Flora e Antônio. Tinha a pele clara de Flora com os olhos claros de Antônio. Tinha a sensibilidade dele e aquela chatice necessária dela. Era muitíssimo inteligente. Lia tanto que não dava para acreditar que era só mais uma fuga. Fuga? É! Lili era nitidamente triste. Nem precisa conhecê-la muito para saber. Ela era daquelas que só via o lado negativo em tudo; que, diante das situações difíceis, ou se desesperava ou agia com tanto desdém que não contribuía nem um pouco para a resolução.
Até seis meses atrás, antes de conhecer Heitor, era difícil vê-la sorrir. Era difícil trocar palavras diferentes daquelas das mensagens burocráticas que enviava para a mãe. E quem a conhecia, sem antes entender o que ela já tinha vivido, sempre estranhava e se perguntava: pobre Lili! Como pode ser tão linda e tão triste?!
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Eu aceito, eu quero, eu acredito... eu quero!
Eu aceito comprar um pijama mais quente para os dias que você demorar a chegar, porque a sua chegada é melhor do que qualquer outra presença, mesmo quando, por estar dormindo, não lembro. Eu aceito seus descuidos, desde que, como ontem e como hoje, você também me surpreenda com os seus cuidados. Eu aceito os seus esquecimentos, desde que você aceite os meus planos (e também que eu planeje por-com você!). Eu quero as suas ligações na hora do almoço, só para saber como está o meu dia. Eu quero seus carinhos despretensiosos, quando estou estressada, “enviando um e-mail para Benedito”. Eu aceito dividir as suas responsabilidade, desde que você também aceite dividir comigo as minhas e as nossas. Eu quero sua pizza de frigideira, porque é muito melhor do que a minha. Eu aceito o seu cabelo grande e seu pitó, desde que você aceite os meus quilos a mais e tenha paciência com minhas inúmeras tentativas de emagrecer. Sim! Eu aceito comprar coisinhas gostosas para você comer, desde que, ao menos à noite, você não me deixe nem sentir o cheiro delas. Eu aceito (e quero!) passar o resto da vida sem comer carne e ensinar aos nossos filhos o quanto ela não é necessária. Eu quero compartilhar posicionamentos e discordar, me encantando com a nossa capacidade de discordar e de amar. Eu acredito em nosso “nós”. Eu quero ser com e para você, mesmo que em alguns dias eu pareça tão apocalíptica e intolerante.
Capítulo 5: da rede para os sonhos.
Da rede, o cochilo. Do cochilo se fez finita a eternidade. Passaram-se dias, meses, anos, no balanço dos filmes que Flora assistiu durante aquele longo sono. Filmes que ela protagonizou ou teve o desejo de assim fazer; filmes que remetiam a um nós dois, estranhamente vivido ou, em alguns momentos, não vividos. Ela se deliciou e, talvez por isso, não quis acordar. Só lhe restavam os filmes nos sonhos deste longo sono.
O mais bonito deles se deu em Brasília, na áspera e “encardidinha” Brasília. Chovia e eles eram apenas pontos de uma imensidão de pessoas, de desejos e também de sonhos. Mas eles se encontraram numa noite, iluminada por uma linda lua, naquele espaço já tão familiar. Nesse dia, tomaram sopa, na Brasília dos bares que fecham cedo. Depois da sopa, cerveja clandestina. E, como num passe de mágica, a cerveja se fez dia. O dia fez dos dois ainda mais “dois”, no caminho de ser um. Se Flora visse o seu sorriso, enquanto sonhava, teria a dimensão de quanto aquele sonho era para ela sinônimo de felicidade.
Mas foi bom não ver. Assim, o sonho continua sendo sonho e ela não tem a dimensão de que eram lembranças. Aí também ela, certamente, conseguirá deixar que as lembranças continuem adormecidas.
Flora já embarcava para outra viagem (ou filme!), quando Lili docemente beijou o seu rosto, antes de sair para encontrar com Heitor, seu novo namorado. Flora acordou sem sustos e sentindo a paz que há em poder ser. Ser e, de alguma forma, controlar o que não tem que ser; ao mesmo tempo, sentiu que suas escolhas tinham levado sim ao caminho do colo, do beijo, do carinho e de nunca mais estar sozinha... seja com Lili, seja com a cadelinha Nina, seja com Heitor (que parece que ia mesmo integrar a família), seja com as lembranças ou sonhos.
*Apenas mais um capítulo daquela novelinha; um capítulo de tantos que ainda estão represados dentro de mim e na minha vida. E não é cena! É capítulo mesmo! Até porque cada linha poderia virar várias cenas, vários retratos de vida.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Hormônios, óculos ou flor?
Ok. Podem ser os hormônios. Na verdade, essa é a explicação mais fácil. O fato é que na mesma intensidade da tristeza veio a fé e a disposição para a vida. Pode ser também coisa de óculos! Porque realmente tudo depende de como você olha para as coisas. Troquei os meus e vi coisas lindas. Sim, sim... também pode ser coisa de flor! Porque desde que insisti e vi essa flor aí de baixo, do nada, desabrochar parece que alguma coisa mudou dentro de mim e no que conseguia ver fora de mim. Hormônios, óculos, flor... eu estou é gostando!
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Cansada!
Hormônios! Deve ser isso! Algo tem que justificar o fato de me sentir imensamente feliz e, na mesma intensidade, pouco tempo depois, triste! Algo tem que justificar o fato de ter a certeza que ele é o homem da minha vida e no outro dia ter a certeza que, mais cedo ou mais tarde, vou me separar. Algo tem que me fazer entender como minha mãe sai da melhor para a pior mãe do mundo em um estalar de dedos.
Ontem senti vontade de morrer. Pode parecer exagero. Hoje, quando menstruei (pela segunda vez no mês!), vi, mais uma vez, que podiam ser os danados dos hormônios. Fiquei pensando que a minha vida deveria ter parado no momento que estava plenamente feliz. Porque vivi isso e não foi só por um dia! Acho mesmo que seria mais justo!
Por que preciso assistir a ele esquecendo de cuidar de mim? Por que preciso sentir, a cada dia, que a nossa leveza ficou lá atrás e que talvez, com tanto peso, não haja futuro para nós? Por que preciso assistir a minha mãe deixando de ser exemplo de absolutamente tudo e passando a ser tão displicente diante do que sinto e do que sou? Por que precisei deixar de ser amiga de pessoas que já foram tão importantes e sofrer tanto com o que elas vem fazendo e falando sobre mim?
Morrer antes seria sim uma alternativa. Mas há um tempo atrás! E o que fazer hoje? Chorar? Ok! Esperar a menstruação passar? Talvez... ou talvez também esse só seja um belo pretexto para justificar todas as minhas insatisfações e continuar, de alguma forma, convivendo conformadamente com elas.
Sinceramente, minha vontade não é mais morrer. É sumir! É ir para um lugar onde eu possa tirar o meu coração e minha cabeça... botar eles para descansar. Poderia congelar, como nos filmes, e voltar depois, paradoxalmente, quente. Quente como já não é. Como já não sou. Sinto mesmo é que estou cansada.
Ontem senti vontade de morrer. Pode parecer exagero. Hoje, quando menstruei (pela segunda vez no mês!), vi, mais uma vez, que podiam ser os danados dos hormônios. Fiquei pensando que a minha vida deveria ter parado no momento que estava plenamente feliz. Porque vivi isso e não foi só por um dia! Acho mesmo que seria mais justo!
Por que preciso assistir a ele esquecendo de cuidar de mim? Por que preciso sentir, a cada dia, que a nossa leveza ficou lá atrás e que talvez, com tanto peso, não haja futuro para nós? Por que preciso assistir a minha mãe deixando de ser exemplo de absolutamente tudo e passando a ser tão displicente diante do que sinto e do que sou? Por que precisei deixar de ser amiga de pessoas que já foram tão importantes e sofrer tanto com o que elas vem fazendo e falando sobre mim?
Morrer antes seria sim uma alternativa. Mas há um tempo atrás! E o que fazer hoje? Chorar? Ok! Esperar a menstruação passar? Talvez... ou talvez também esse só seja um belo pretexto para justificar todas as minhas insatisfações e continuar, de alguma forma, convivendo conformadamente com elas.
Sinceramente, minha vontade não é mais morrer. É sumir! É ir para um lugar onde eu possa tirar o meu coração e minha cabeça... botar eles para descansar. Poderia congelar, como nos filmes, e voltar depois, paradoxalmente, quente. Quente como já não é. Como já não sou. Sinto mesmo é que estou cansada.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
domingo, 2 de janeiro de 2011
Não são planos. São desejos!
Que 2011 passe devagar, porque estou mesmo com a sensação de estar envelhecendo e isso ainda não é tranqüilo.
Que possamos nos encontrar em festas pelas manhãs, porque à noite já estamos bem e no outro dia não sentimos mais um pingo de ressaca. Podem ser sambas... no morro ou pelo menos perto de pessoas com energias tão boas quanto as de lá.
Que em 2011 sintamos mais a presença do que as ausências, porque não há nada mais doloroso do que esperarmos de algumas pessoas uma atenção ou um querer bem que não pode ser oferecido, ou sentido.
Que em 2011, possamos sentir prazer nas coisas simples (como escrever no blog e me divertir, enquanto Lucas e Gabi morrem de rir, assistindo vídeocassetada).
Que consigamos ver mais os lados bons do que os ruins. Se há uma sensação boa de final de ano que acho mesmo que devemos levar para o ano todo é otimismo.
Sejamos otimistas!
Que possamos nos encontrar em festas pelas manhãs, porque à noite já estamos bem e no outro dia não sentimos mais um pingo de ressaca. Podem ser sambas... no morro ou pelo menos perto de pessoas com energias tão boas quanto as de lá.
Que em 2011 sintamos mais a presença do que as ausências, porque não há nada mais doloroso do que esperarmos de algumas pessoas uma atenção ou um querer bem que não pode ser oferecido, ou sentido.
Que em 2011, possamos sentir prazer nas coisas simples (como escrever no blog e me divertir, enquanto Lucas e Gabi morrem de rir, assistindo vídeocassetada).
Que consigamos ver mais os lados bons do que os ruins. Se há uma sensação boa de final de ano que acho mesmo que devemos levar para o ano todo é otimismo.
Sejamos otimistas!
Planejando 2011, ou não!
Como não planejar 2011, se eu não consigo ficar sem planejar as próximas horas? Como viver sem minimante pensar nos passos que precisarei dar? Estou pedindo ajuda e tentando respirar mais antes de pensar nas próximas horas, nos próximos dias, nos próximos anos. Talvez, ter escolhido Lucas para dividir a vida comigo tenha sido uma iniciativa importante. Mas sinto que o meu movimento, até hoje, foi mais de enquadrá-lo do que de aprender com ele a respirar. É que acho que a falta de planejamento o angustia demais. Talvez, com ele, seja exatamente o inverso... porque o não planejar, em excesso, também pode ser muito ruim. Agora, escrevendo, começo a perceber que o problema pode apenas ser pensar demais. Isso! Afinal, desde que o meu cunhado disse que eu precisa planejar menos, não paro de pensar em planejar ou não planejar. Ai, ai... tem horas que nem eu me agüento!!!
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